São Paulo, terça-feira, 12 de junho de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

O outro ministro

A PF tem gravados pelo menos três telefonemas entre o lobista Sérgio Sá, peça estratégica no esquema do empreiteiro Zuleido Veras, e o ministro das Cidades, Márcio Fortes. O teor dos diálogos, ainda mantidos em sigilo, revela intimidade entre os interlocutores.
Fortes foi citado uma vez em relatório da Operação Navalha -que já derrubou Silas Rondeau (Minas e Energia). No trecho em questão, o ex-presidente do PP Pedro Corrêa é acusado de traficar influência nas Cidades para liberar dinheiro à construtora Gautama.
Informada do conteúdo das gravações, a cúpula do PP discute em privado um substituto, caso Fortes tenha que sair. Um nome aventado foi o de Francisco Dornelles, de quem o atual ministro é muito próximo.

Em baixa. Silas Rondeau, primeiro cortado pela navalha, e Márcio Fortes, flagrado em conversas telefônicas para lá de informais com o lobista Sérgio Sá, têm uma característica em comum: sempre foram cobertos de elogios pelo Palácio do Planalto em razão de seu "perfil técnico".

Rastro. A PF recebeu informações de que o empresário e ex-deputado Gandi Jamil, foragido após o estouro da Operação Xeque-Mate, estaria escondido num cassino em Pedro Juan Caballero, Paraguai.

Autoridade. A deputada estadual do Amazonas Vera Lúcia Castelo Branco (PTB), que a Polícia Federal suspeita ter sido contatada pelo empresário Nilton Cézar Servo a fim de que os negócios da máfia do jogo fossem expandidos para Manaus, é delegada e ocupou o cargo de corregedora da Polícia Civil no Estado.

Símbolo. No evento de recepção da tocha do Pan, Lula e Renan Calheiros não disseram palavra sobre as denúncias que atingem o irmão do presidente ou sobre o processo contra o senador. "Os dois poderiam bem segurar um abacaxi", brincou um aliado.

Remix. A defesa entregue pelo advogado Eduardo Ferrão a Epitácio Cafeteira (PTB-MA), relator do processo contra Renan no Conselho de Ética, é versão transposta para o linguajar jurídico do discurso do presidente da Casa, acrescida de explicação sobre os documentos já apresentados.

Meiose. Ganha força no governo a idéia de rachar em dois o Incra, nos moldes do que ocorreu no Ibama, dividido para contemplar as várias correntes políticas e emparedar os focos mais resistentes às obras de infra-estrutura.

Piada revogada. A posse de Mangabeira Unger foi confirmada, mas a Secretaria Especial de Ações de Longo Prazo, que já ganhara o apelido de "Sealopra", mudou de nome. Será agora Secretaria Especial de Planejamento Estratégico.

Pré-produção. A resolução sobre reforma política que a Executiva do PT pretende aprovar após discussões com a bancada na quinta está pronta desde antes do feriado e segue a linha do texto divulgado pelo Diretório Nacional em 20 de abril, com a defesa do voto em lista fechada.

Tiro no pé. Na primeira reunião com a Executiva, ontem, o deputado Antonio Palocci (SP) alegou que o problema não está no voto em lista, mas no estrago interno sempre que for preciso decidir quem estará no topo dela.

Concorrência. Um dos fundadores da CUT, Lula confirmou presença no lançamento oficial da UGT, nova central sindical nascida da união de uma dissidência da Força com outras entidades. O evento será em 19 de julho. Azedou. O deputado Ciro Gomes e a senadora Patrícia Saboya, ambos do PSB, tomaram partido de Tasso Jereissati na disputa com Luizianne Lins por causa do centro empresarial que o senador tucano quer construir em Fortaleza, administrada pela petista. A prefeita espera apoio da dupla do PSB para se reeleger.

Tiroteio

"O Código Penal não tipifica crimes pelo nível de preparo do acusado".
Do deputado RICARDO TRIPOLI (PSDB-SP) sobre o fato de Nelson Afonso, advogado do irmão mais velho de Lula, Vavá, dizer que seu cliente não tinha preparo intelectual suficiente para traficar influência no Executivo e explorar o prestígio no Judiciário, crimes dos quais é suspeito.

Contraponto

Outra operação

Em 1992, durante evento em Diadema, o então assessor de imprensa da administração municipal, Julio de Grammont, conversava com um dos seguranças do prefeito José Augusto, à época no PTe hoje deputado estadual pelo PSDB. O assunto eram trabalhos anteriores do jornalista.
-Já trabalhei na Bandeirantes-, disse ele.
-Eu também!-, respondeu, todo animado, o segurança.
-Não me lembro de você por lá...
-Mas eu trabalhei na operação, sim.
Só aí Grammont percebeu: seu interlocutor não se referia à emissora de TV, mas sim à Operação Bandeirantes, criada para reprimir adversários do regime militar.


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