São Paulo, terça-feira, 12 de junho de 2007

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Senadores aceleram processo de Renan

Aliados do parlamentar no Conselho de Ética admitem possibilidade de dispensar depoimentos; relator evita comentar

Presidente do Conselho, Sibá Machado (PT-AC) prevê que processo pode terminar em duas semanas; jornalista e lobista não seriam ouvidos

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Conselho de Ética, senador Sibá Machado (PT-AC), disse ontem achar desnecessário ouvir a jornalista Mônica Veloso e o lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior, no processo contra o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), por indícios de quebra de decoro parlamentar. Os documentos apresentados pela defesa, segundo ele, seriam suficientes para a elaboração de um parecer sobre o caso.
"Os depoimentos costumam colaborar pouco, temos é que analisar os documentos e fazer perícia neles", disse Sibá, para quem o processo deve ser concluído em duas semanas. Essa também é a opinião do líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR): "Os fatos são numéricos, contábeis, tem ou não tem. Acho que, a princípio, não precisa ouvir ninguém".
Já o relator, Epitácio Cafeteira (PTB-MA), se recusou a dar opinião alegando que ainda está lendo a representação feita pelo PSOL contra Renan e os documentos apresentados pela defesa à Corregedoria da Casa.
Renan encaminhou sua defesa na tarde de ontem. Ele se antecipou à notificação do conselho, que só foi feita no final do dia. A partir de agora, o senador não pode mais renunciar para evitar uma eventual cassação.
Ele é acusado de ter despesas pessoais pagas pelo lobista da Mendes Júnior. Gontijo entregava todos os meses R$ 12 mil a Mônica, com quem o senador tem uma filha de três anos, fruto de uma relação extraconjugal. Renan afirma que o dinheiro era seu e que é amigo de Gontijo "há mais de vinte anos". Ele teria optado por um intermediário para ser discreto. O lobista confirma a versão.
Em sua defesa Renan entregou ao corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), sua movimentação bancária e declarações do Imposto de Renda para provar que tinha dinheiro suficiente para arcar com essa despesa. Os documentos não comprovam, no entanto, que os recursos saíram de sua conta.
Na última quarta-feira Renan anexou ao material supostos recibos de venda de gado para comprovar a origem de R$ 1,9 milhão que recebeu nos últimos quatro anos. Tuma deve entregar esses documentos hoje ao relator do processo.
Aliado do senador José Sarney (PMDB-AP) e do mesmo grupo político do presidente do Senado, Cafeteira disse ontem que encara como um "ônus" a função de relator. "Eu gostaria de estar comendo caranguejo no Maranhão ou um peixe na beira da praia", disse ele.
Integrantes do Conselho de Ética já se articulam para apresentar um relatório alternativo ao de Cafeteira pedindo a realização de depoimentos para chegar a uma conclusão sobre o caso, mas eles são minoria. No caso de o depoimento de Mônica se tornar inevitável, senadores afirmam que ele seria realizado em sessão fechada.


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