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Senadores aceleram processo de Renan
Aliados do parlamentar no Conselho de Ética admitem possibilidade de dispensar depoimentos; relator evita comentar
Presidente do Conselho, Sibá Machado (PT-AC) prevê que processo pode terminar em duas semanas; jornalista e lobista não seriam ouvidos
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Conselho de
Ética, senador Sibá Machado
(PT-AC), disse ontem achar
desnecessário ouvir a jornalista
Mônica Veloso e o lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira
Mendes Júnior, no processo
contra o presidente da Casa,
Renan Calheiros (PMDB-AL),
por indícios de quebra de decoro parlamentar. Os documentos apresentados pela defesa,
segundo ele, seriam suficientes
para a elaboração de um parecer sobre o caso.
"Os depoimentos costumam
colaborar pouco, temos é que
analisar os documentos e fazer
perícia neles", disse Sibá, para
quem o processo deve ser concluído em duas semanas. Essa
também é a opinião do líder do
governo, senador Romero Jucá
(PMDB-RR): "Os fatos são numéricos, contábeis, tem ou não
tem. Acho que, a princípio, não
precisa ouvir ninguém".
Já o relator, Epitácio Cafeteira (PTB-MA), se recusou a dar
opinião alegando que ainda está lendo a representação feita
pelo PSOL contra Renan e os
documentos apresentados pela
defesa à Corregedoria da Casa.
Renan encaminhou sua defesa na tarde de ontem. Ele se antecipou à notificação do conselho, que só foi feita no final do
dia. A partir de agora, o senador
não pode mais renunciar para
evitar uma eventual cassação.
Ele é acusado de ter despesas
pessoais pagas pelo lobista da
Mendes Júnior. Gontijo entregava todos os meses R$ 12 mil a
Mônica, com quem o senador
tem uma filha de três anos, fruto de uma relação extraconjugal. Renan afirma que o dinheiro era seu e que é amigo de
Gontijo "há mais de vinte
anos". Ele teria optado por um
intermediário para ser discreto. O lobista confirma a versão.
Em sua defesa Renan entregou ao corregedor do Senado,
Romeu Tuma (DEM-SP), sua
movimentação bancária e declarações do Imposto de Renda
para provar que tinha dinheiro
suficiente para arcar com essa
despesa. Os documentos não
comprovam, no entanto, que os
recursos saíram de sua conta.
Na última quarta-feira Renan anexou ao material supostos recibos de venda de gado
para comprovar a origem de R$
1,9 milhão que recebeu nos últimos quatro anos. Tuma deve
entregar esses documentos hoje ao relator do processo.
Aliado do senador José Sarney (PMDB-AP) e do mesmo
grupo político do presidente do
Senado, Cafeteira disse ontem
que encara como um "ônus" a
função de relator. "Eu gostaria
de estar comendo caranguejo
no Maranhão ou um peixe na
beira da praia", disse ele.
Integrantes do Conselho de
Ética já se articulam para apresentar um relatório alternativo
ao de Cafeteira pedindo a realização de depoimentos para
chegar a uma conclusão sobre o
caso, mas eles são minoria. No
caso de o depoimento de Mônica se tornar inevitável, senadores afirmam que ele seria realizado em sessão fechada.
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