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Lula não é convidado para congresso do MST
Coordenadores avaliam que discurso de presidente prejudicaria "tom crítico" que pretendem dar ao governo no evento
Movimento planeja reunir cerca de 15 mil em frente ao Planalto para pressionar petista a receber comissão; presidente estará no Rio
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)
decidiu não convidar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
para o 5º Congresso Nacional
do movimento, que começou
ontem, em Brasília, com cerca
de 15 mil sem-terra e recheado
de ataques ao governo petista.
A avaliação dos coordenadores do MST é que, com um microfone em mãos, o petista tem
tudo para empolgar os sem-terra e, ao mesmo tempo, colocar
em risco o tom crítico que o
congresso quer ter em relação
ao governo.
O efeito seria mais devastador ao MST diante da possibilidade de os militantes levarem o
recado de Lula aos seus acampamentos e assentamentos
-espalhados em 24 Estados. O
objetivo do congresso é traçar
os rumos do movimento para
os próximos cinco anos.
Na quinta, a idéia do movimento é organizar uma marcha
até a praça dos Três Poderes e
concentrar ao menos 15 mil
sem-terra diante do Planalto.
O efeito de pressão direta
contra Lula, porém, pode ficar
esvaziado. Isso porque, neste
dia, o presidente estará no Rio,
onde cumpre agenda durante
todo o dia. Por conta disso, o
MST avalia antecipar a marcha
em um dia. O congresso termina sexta-feira.
O movimento tem cobrado
encontro com Lula desde 2006.
O presidente tem resistido em
recebê-los. No mês passado,
conversa reservada chegou a
ser agendada para a residência
da ministra Dilma Rousseff
(Casa Civil), mas foi cancelada
devido à Operação Navalha da
PF.
Em 1985, por exemplo, Lula
representou o PT no primeiro
congresso nacional do movimento, em Curitiba. A relação
entre eles, porém, vem se acirrando nos últimos anos.
De um lado, Lula se transformou num crítico às metas
quantitativas de assentamentos e às ações simbólicas do
MST, como a recente invasão à
usina hidrelétrica de Tucuruí,
no Pará.
Por outro lado, o movimento,
entre outras críticas, faz propaganda contra a política de incentivo do governo à produção
de biocombustíveis e reclama
que seus acampados (falam em
140 mil) não foram atendidos.
Ontem à noite, na abertura
do congresso, num ginásio de
Brasília, o discurso oficial do
MST ficou por conta de Marina
dos Santos, da coordenação nacional do movimento. Em sua
fala, lida, atacou as políticas
econômica e de reformas do governo.
"É um governo que trata a reforma agrária como compensação social", disse Marina, que,
diante de sem-terra e representantes de partidos, de centrais
sindicais e da Igreja Católica,
criticou ainda a "mídia conservadora" e "nefasta" do país.
No atual congresso, o MST
quer denunciar o avanço conjunto do latifúndio, do capital
financeiro e das empresas
transnacionais no campo. Para
isso, montou uma megaestrutura no centro de Brasília para
receber os integrantes. O aparato inclui 24 cozinhas (uma
para cada Estado), 350 chuveiros e 200 banheiros químicos,
além de barracos que, juntos,
somam 31 mil m2 de lona.
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