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Governo aprova na Câmara nova CPMF a partir de 2009
Proposta da base de Lula recebeu 259 votos favoráveis, dois acima do mínimo necessário
Projeto, que regulamenta também a emenda 29, precisa passar pelo Senado, que, em 2007, derrubou
a prorrogação da CPMF
Sérgio Lima/Folha Imagem
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Plenário da Câmara com cartazes da oposição contra a CPMF durante a votação, ontem, que recriou o tributo com o nome de CSS
MARIA CLARA CABRAL
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Menos de seis meses depois
da extinção da CPMF, a Câmara dos Deputados aprovou ontem o texto-base do projeto que
recria o tributo com o nome de
CSS (Contribuição Social para
a Saúde), alíquota de 0,1% e cobrança a partir de 2009.
A proposta apresentada pela
base aliada ao governo Lula recebeu 259 votos favoráveis,
apenas dois acima do mínimo
necessário, e 159 contrários
(houve duas abstenções). O
processo de discussão se arrastou durante três semanas.
Finalizada a votação pelos
deputados, a proposta de criação da CSS ainda precisa passar
pelo crivo dos senadores, que
derrubaram, no ano passado, a
prorrogação da CPMF. Na Casa, a base não tem uma margem
tão folgada como na Câmara.
A oposição também já avisou
que vai questionar o STF (Supremo Tribunal Federal) sobre
a instituição de um tributo dos
saques em conta corrente por
lei complementar, sem alteração da Constituição.
"Como não caiu aqui, tenho
certeza de que o Senado vai
derrubar. Mas, se por acaso isso
não acontecer, vamos ao STF,
porque criar o imposto dessa
forma é totalmente inconstitucional. O pesar é que mais uma
vez a Câmara se submete a um
vexame", disse o líder do PSDB,
José Aníbal (SP).
O projeto aprovado ontem
também regulamenta a emenda constitucional 29, que em
2000 fixou regras para os gastos em saúde de União, Estados
e municípios. O texto substitui
o aprovado pelo Senado em
maio, que resultaria em um aumento de despesas muito superior aos cerca de R$ 11 bilhões
anuais esperados com a CSS.
Pela proposta do Senado,
apresentada pelo petista Tião
Viana (AC) e aprovada por unanimidade, a União deveria destinar ao setor 10% de sua receita -o percentual seria atingido
gradualmente até 2011, quando
os gastos chegariam, segundo
as estimativas mais consensuais, a cerca de R$ 83 bilhões.
Já o novo texto, que ainda pode ser modificado pela Câmara,
mantém a regra atual de corrigir as despesas conforme a variação da inflação e o crescimento econômico, com o
acréscimo da arrecadação da
CSS. Assim, a saúde receberá
R$ 68,5 bilhões em 2011.
"Se pudéssemos ter o céu e a
terra seria melhor, mas infelizmente nem tudo é possível", argumentou o relator da proposta, Pepe Vargas (PT-RS).
Governadores e emendas
O projeto da CSS repete praticamente na íntegra a legislação anterior de incidência da
CPMF e mantém a maior parte
das regras fixadas no texto no
Senado para os gastos estaduais e municipais em saúde.
No entanto, o relator atendeu a pleitos dos governadores
para reduzir em R$ 1 bilhão
anual a exigência de despesas,
aceitando que os Estados descontem os recursos gastos com
o Fundeb, o fundo de educação,
das receitas que servem de base
de cálculo para os 12% vinculados com a área da saúde.
Pagamento de inativos, de
merenda escolar e de saneamento -a não ser de pequenas
comunidades- não entram como despesas com saúde.
Trabalhadores com salário
até R$ 3.038,99 (teto dos benefícios previdenciários) terão
desconto correspondente à
CSS nas contribuições ao Instituto Nacional do Seguro Social.
Aposentados e pensionistas terão acréscimo proporcional
nos benefícios.
No Senado, caso não seja
aprovado requerimento de urgência, o texto precisa, antes de
ir ao plenário, passar por pelo
menos três comissões -Assuntos Sociais, Assuntos Econômicos e de Constituição e Justiça.
Além da concessão feita aos
governadores, o governo também acelerou, segundo dados
do PSDB, o compromisso de
gastos com emendas parlamentares individuais. Números da assessoria tucana mostram que apenas em junho o
governo empenhou R$ 93,1 milhões em emendas, sendo que
durante os cinco primeiros meses do ano foram R$ 9,6 milhões. "Não há nenhuma barganha", disse o líder do governo,
Henrique Fontana (PT-RS).
NA INTERNET
www.folha.com.br/081634
confira o voto de cada deputado
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