JOSÉ MASCHIO
da Agência Folha, em Londrina

José Eduardo de Andrade Vieira, ex-controlador do Bamerindus, disse ontem em Londrina (PR) que o Banco Central armou um plano para desmoralizá-lo, ""perante a opinião pública", ao divulgar o envio de notícias-crime contra ex-diretores do banco às vésperas de seu depoimento na CPI dos Bancos. Vieira depôs na quarta-feira.
O ex-banqueiro esteve ontem em Londrina para participar de uma reunião da diretoria do jornal ""Folha do Paraná/Folha de Londrina", do qual é sócio majoritário.
Segundo Vieira, o relatório do BC sobre possíveis ilícitos penais dele e de ex-diretores do Bamerindus ""foi feito há mais de dois anos e só agora divulgam para a imprensa, para denegrir".
Ele afirmou que podem ter ocorrido ""erros técnicos, mas não houve ilegalidade nas operações que o BC agora condena".
No relatório, enviado em outubro do ano passado pelo BC ao Ministério Público, o banco aponta casos de concessão de crédito, pelo Bamerindus, a ex-diretores e a empresas então ligadas ao grupo, o que é ilegal.
Vieira disse ainda que a presença de Tânia Vieira, sua ex-mulher, em seu depoimento na CPI ""foi uma clara tentativa de provocar constrangimento". O processo de separação de Vieira e Tânia é litigioso.
Vieira negou que tenha comprado fazendas de café na Colômbia ou que queira deixar o país.
O ex-banqueiro foi irônico ao comentar as declarações de João Elísio Ferraz de Campos, ex-presidente da Bamerindus Seguros, à Folha.
Campos afirmou que ""Vieira, de vez em quando, não sabe bem o que está dizendo", ao comentar contatos com Marcos Malan, irmão do ministro Pedro Malan, para auxiliar o banco e evitar uma intervenção. Segundo o ex-controlador do Bamerindus, ""é preciso respeitar a memória curta do João Elísio Ferraz, que agora tem outros interesses".


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