São Paulo, sábado, 12 de julho de 1997.



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RUMO A 98
Cinco estatais sofrem remanejamento; deputado que votou contra emenda teve afilhado político afastado
Cargos em teles premiam apoio à reeleição

LUCIO VAZ
da Sucursal de Brasília


O governo federal utilizou remanejamento de cargos em cinco estatais do setor de telecomunicações (Telepar, Telesp, Telemig, Telerj e CTBC) para favorecer aliados na aprovação da emenda da reeleição e punir quem votou contra a proposta.
O ex-governador do Paraná Álvaro Dias (PSDB), por exemplo, coordenou a mobilização da bancada paranaense na votação da emenda da reeleição em fevereiro.
Dois meses depois, foi colocado na presidência da Telepar (Companhia Telefônica do Paraná).
O ex-presidente da Telepar Leôncio Vieira de Rezende, homem de confiança do ministro Sérgio Motta (Comunicações), foi acomodado na vice-presidência da Telesp, um cargo fundamental na nova estrutura das teles.
CBTC
Por sua vez, o deputado Duilio Pisaneschi (PTB-SP) ameaçou votar contra o governo e optou pela "abstenção" na votação da emenda da reeleição.
Em abril, foi demitido o então presidente da CTBC (Companhia Telefônica Borda do Campo), Ademir Spadafora, seu afilhado político. "O cargo era meu e do Maurício Najar", disse Pisaneschi.
Ele ameaçou votar contra a quebra da estabilidade do servidor público, nesta semana. Mas acabou dando mais um voto de confiança ao governo. "Vou esperar o segundo turno", afirmou.
Motta aproveitou a vaga de Spadafora e acomodou o ex-vice-presidente da Telesp Romeu Grandinetti Filho na presidência da CTBC, empresa que opera nos municípios do ABC paulista.
Houve outra intervenção do ministro na CTBC.
O novo diretor de Engenharia da Telesp, Flávio Mariotti Vasconcellos, também nomeado em abril, acumula hoje o cargo de diretor de Engenharia da CTBC.
Telesp
O governo aproveitou o remanejamento da Telesp e colocou um afilhado político do senador Romeu Tuma (PFL-SP), Francisco Gialluisi Netto, na diretoria de Operações da empresa.
Nesse caso, porém, Motta criou um problema para o governo.
É que, para Gialluisi Netto assumir o cargo, foi demitido Laércio Barreto, que havia sido indicado pelo deputado Carlos Apolinário (PMDB-SP), com o apoio da bancada do PMDB.
Apolinário já estava nomeado relator da lei eleitoral, que regulamenta, entre outras coisas, o uso da máquina do governo das eleições de 1998. O relator preparou um relatório contrário aos interesses do governo.
Apolinário disse à Folha que foi pressionado por líderes governistas para mudar o relatório.
"Eu imagino que eles pensavam que eu mudaria o relatório para recolocar o diretor da Telesp. Não vou mudar nada", afirmou o deputado peemedebista.
Telemig

O líder da bancada do PTB na Câmara, Paulo Heslander (MG), teve uma discussão pesada com o diretor Técnico da Telemig, Geraldo Pereira, no ano passado.
Heslander havia pedido para Pereira receber o diretor de uma empresa que queria oferecer um produto à Telemig.
No remanejamento que houve nas teles, Pereira foi transferido para a vice-presidência da Telerj. "Ele caiu para cima", comentou Heslander.
O PTB é um dos partidos que compõem a base governista no Congresso Nacional.



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