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RUMO A 98
Cinco estatais sofrem remanejamento; deputado que votou contra emenda teve afilhado político afastado
Cargos em teles premiam apoio à reeleição
LUCIO VAZ
da Sucursal de Brasília
O governo federal utilizou
remanejamento
de cargos em
cinco estatais do
setor de telecomunicações
(Telepar, Telesp, Telemig, Telerj e CTBC) para
favorecer aliados na aprovação da
emenda da reeleição e punir quem
votou contra a proposta.
O ex-governador do Paraná Álvaro Dias (PSDB), por exemplo,
coordenou a mobilização da bancada paranaense na votação da
emenda da reeleição em fevereiro.
Dois meses depois, foi colocado
na presidência da Telepar (Companhia Telefônica do Paraná).
O ex-presidente da Telepar
Leôncio Vieira de Rezende, homem de confiança do ministro
Sérgio Motta (Comunicações), foi
acomodado na vice-presidência da
Telesp, um cargo fundamental na
nova estrutura das teles.
CBTC
Por sua vez, o deputado Duilio
Pisaneschi (PTB-SP) ameaçou votar contra o governo e optou pela
"abstenção" na votação da emenda da reeleição.
Em abril, foi demitido o então
presidente da CTBC (Companhia
Telefônica Borda do Campo),
Ademir Spadafora, seu afilhado
político. "O cargo era meu e do
Maurício Najar", disse Pisaneschi.
Ele ameaçou votar contra a quebra da estabilidade do servidor público, nesta semana. Mas acabou
dando mais um voto de confiança
ao governo. "Vou esperar o segundo turno", afirmou.
Motta aproveitou a vaga de Spadafora e acomodou o ex-vice-presidente da Telesp Romeu Grandinetti Filho na presidência da
CTBC, empresa que opera nos
municípios do ABC paulista.
Houve outra intervenção do ministro na CTBC.
O novo diretor de Engenharia da
Telesp, Flávio Mariotti Vasconcellos, também nomeado em abril,
acumula hoje o cargo de diretor de
Engenharia da CTBC.
Telesp
O governo aproveitou o remanejamento da Telesp e colocou um
afilhado político do senador Romeu Tuma (PFL-SP), Francisco
Gialluisi Netto, na diretoria de
Operações da empresa.
Nesse caso, porém, Motta criou
um problema para o governo.
É que, para Gialluisi Netto assumir o cargo, foi demitido Laércio
Barreto, que havia sido indicado
pelo deputado Carlos Apolinário
(PMDB-SP), com o apoio da bancada do PMDB.
Apolinário já estava nomeado
relator da lei eleitoral, que regulamenta, entre outras coisas, o uso
da máquina do governo das eleições de 1998. O relator preparou
um relatório contrário aos interesses do governo.
Apolinário disse à Folha que foi
pressionado por líderes governistas para mudar o relatório.
"Eu imagino que eles pensavam
que eu mudaria o relatório para recolocar o diretor da Telesp. Não
vou mudar nada", afirmou o deputado peemedebista.
Telemig
O líder da bancada do PTB na
Câmara, Paulo Heslander (MG),
teve uma discussão pesada com o
diretor Técnico da Telemig, Geraldo Pereira, no ano passado.
Heslander havia pedido para Pereira receber o diretor de uma empresa que queria oferecer um produto à Telemig.
No remanejamento que houve
nas teles, Pereira foi transferido
para a vice-presidência da Telerj.
"Ele caiu para cima", comentou
Heslander.
O PTB é um dos partidos que
compõem a base governista no
Congresso Nacional.
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