São Paulo, segunda-feira, 12 de julho de 2004

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ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA

Críticas foram feitas por deputados; candidato defendeu a revisão da dívida municipal

Tucanos fazem ataque pessoal a Marta no 1º comício de Serra

Matuiti Mayezo/Folha Imagem
José Serra durante comício em conjunto habitacional em Jaraguá, na zona norte de São Paulo


CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL

No primeiro comício da campanha de José Serra (PSDB) à Prefeitura de São Paulo, deputados tucanos atacaram a prefeita Marta Suplicy (PT), candidata à reeleição, e o seu marido, Luis Favre. De quebra, sobrou ainda para o ex-prefeito Paulo Maluf (PP), que também está na disputa eleitoral.
Ao falar sobre a dívida da prefeitura, de cerca de R$ 27 bilhões, o deputado federal Alberto Goldman (SP) perguntou: "Quero saber cadê o dinheiro. De um deles, a gente sabe onde está: na Suíça. E o da Marta? Vamos perguntar para ela ou para o marido dela onde está o dinheiro de São Paulo".
O público, estimado pela Polícia Militar em 1.200 pessoas, aplaudiu. Antes, o deputado estadual Celino Cardoso (SP) também já havia atacado a prefeita. "Vamos falar da importância de tirar a prefeitura das mãos desta mulher, que parece uma menininha que só quer saber de viajar e namorar e esquece da cidade", afirmou.
Já Serra priorizou temas referentes ao Jaraguá, bairro da zona norte onde ocorreu o comício.
Em resposta aos ataques, o secretário municipal do Abastecimento, Valdemir Garreta, um dos coordenadores da campanha de Marta, disse que "todos sabem que as dívidas do município e do Estado de São Paulo chegaram a este ponto por causa dos juros do PSDB [durante o governo FHC]."
Garreta não quis comentar as ofensas pessoais e disse apenas que "os dois deputados responderão na Justiça pelas calúnias".

Habitação
O comício de Serra foi organizado pela Associação dos Trabalhadores Sem Terra de São Paulo, presidido Cleusa Ramos, antiga militante tucana e mulher do vereador Marcos Zerbini (PSDB). Fundada em 1985, a entidade reúne 12.500 famílias, em 24 áreas compradas pelos integrantes.
"Confesso que me senti muito à vontade aqui", disse Serra, para um público que pisava no barro e enfrentava um frio de 13 graus. Ele afirmou que o comício era "o ponto de partida rumo à vitória".
E prometeu que, se eleito, "a prefeitura não vai atrapalhar" as atividades da associação, que luta pela regularização das áreas. O candidato também prometeu expandir o Programa da Saúde da Família e a construção de creches. "Vamos juntar nossas forças, primeiro para ganhar as eleições."
Serra evitou comentar as declarações da candidata do PSB, Luiza Erundina, que, anteontem, disse que as candidaturas do tucano, de Marta e de Maluf "representam os mesmos interesses de classe, nunca foram pobres" e que esta eleição, "para eles, é um trampolim para 2006 [a disputa pelo governo do Estado e pela Presidência]".
"A Erundina é uma pessoa que respeito e não acredito que tenha dito isso. Não vou comentar", disse Serra, que quer ter o apoio da ex-prefeita num eventual segundo turno contra Marta ou Maluf.
O tucano defendeu a revisão da dívida da cidade. "Há muita margem para levantar recursos mediante a diminuição de custos, porque há muito desperdício".
Já o candidato a vice de Serra, deputado federal Gilberto Kassab (PFL), que ficou ao lado do tucano no palanque, afirmou que "o Serra não precisa de ninguém, basta conhecer sua história".
A organização do comício havia colocado uma faixa com a frase "Serra, você não precisa de marqueteiro; você tem sua própria história para mostrar." Os dizeres eram uma referência a Marta, cuja propaganda será tocada por Duda Mendonça. O tucano conta com a Lua Branca Comunicação para cuidar de seu marketing político.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) não foi ao comício.


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