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ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA
Marta, que tentará acordo com União, é elogiada e vaiada em festa; manifestantes gritaram "eiro, eiro eiro, devolve o meu dinheiro"
Prefeita diz que, se reeleita, repactuará dívida
PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A prefeita de São Paulo, Marta
Suplicy (PT), afirmou ontem que
irá repactuar a dívida de São Paulo com o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva após as eleições.
"Reeleita, se assim o povo de
São Paulo o desejar, vou sentar
com o meu presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, e vou renegociar
[a dívida]. Não renegociar, nós
vamos repactuar a dívida de São
Paulo e pensar em como fazer isso
da melhor forma para o cidadão
que mora nesta cidade", afirmou
a prefeita paulistana.
Questionada sobre o que seria a
repactuação, Marta disse que vai
discutir com o governo federal a
melhor forma de abordar a dívida. As declarações foram dadas
ontem à noite pela prefeita após
participar de um culto da Igreja
Batista da Graça, em Ermelino
Matarazzo, zona leste da capital.
Marta é candidata à reeleição e
tem recebido críticas pelo aumento da dívida, que pulou de R$ 21,5
bilhões no fim de 2001 para R$
26,3 bilhões em 2003 (leia mais à
página A6). Atualmente, o grau
de endividamento está acima do
estipulado pela LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal).
A prefeitura culpa as gestões anteriores pelo aumento da dívida,
principalmente as emissões de
precatórios de Paulo Maluf (93-96), os juros do governo FHC e a
renegociação feita por Celso Pitta
(97-00) com a União em 2000.
Em novembro de 2002, a taxa de
juros subiu de 6% para 9% ao ano
porque a cidade não pagou amortização de R$ 3 bilhões. São Paulo
já destina 13% de sua receita para
quitar a dívida -esse é o teto previsto no acordo estabelecido com
o governo federal.
Cerca de 250 dos 380 fiéis da
Igreja Batista da Graça participaram do culto que contou com a
presença de Marta.
A igreja foi fundada há 43 anos,
segundo seu presidente, Antonio
João Nascimento, que afirmou
que a visita da prefeita foi agendada por meio de um funcionário da
subprefeitura da região.
Durante a celebração, a prefeita,
que estava acompanhada de seu
marido, Luis Favre, recebeu uma
bênção do pastor Alcides.
"Meu Deus, abençoe a prefeita
porque essa autoridade que ela
tem vem de ti." Entre os pedidos
que fez a Deus, o pastou rogou
que as pessoas paguem os seus
impostos em dia.
Depois do culto, a petista fez um
rápido discurso aos fiéis presentes, no qual elogiou os programas
sociais da prefeitura, como o renda mínima e o de distribuição de
uniformes escolares e projetos na
área de educação e de transportes.
Após deixar a igreja, Marta se
dirigiu à Feira das Nações, realizada na mesma região de Ermelino
Matarazzo, onde visitou barracas
de vários países, entre os quais a
da Rússia, a do Japão e a da Suíça.
No local, a prefeita recebeu vários cumprimentos, mas também
foi xingada e vaiada por freqüentadores da feira popular.
No final da visita, quando começou um coro de "eiro, eiro, eiro, devolve o meu dinheiro (sic)",
participantes simpáticos à prefeita reagiram com gritos de "Marta,
Marta, Marta". Ainda na noite de
ontem, a prefeita participou de
uma festa junina promovida pelo
clube Juventus, na Mooca.
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