São Paulo, segunda-feira, 12 de julho de 2004

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ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA

Marta, que tentará acordo com União, é elogiada e vaiada em festa; manifestantes gritaram "eiro, eiro eiro, devolve o meu dinheiro"

Prefeita diz que, se reeleita, repactuará dívida

PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

A prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), afirmou ontem que irá repactuar a dívida de São Paulo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições.
"Reeleita, se assim o povo de São Paulo o desejar, vou sentar com o meu presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, e vou renegociar [a dívida]. Não renegociar, nós vamos repactuar a dívida de São Paulo e pensar em como fazer isso da melhor forma para o cidadão que mora nesta cidade", afirmou a prefeita paulistana.
Questionada sobre o que seria a repactuação, Marta disse que vai discutir com o governo federal a melhor forma de abordar a dívida. As declarações foram dadas ontem à noite pela prefeita após participar de um culto da Igreja Batista da Graça, em Ermelino Matarazzo, zona leste da capital.
Marta é candidata à reeleição e tem recebido críticas pelo aumento da dívida, que pulou de R$ 21,5 bilhões no fim de 2001 para R$ 26,3 bilhões em 2003 (leia mais à página A6). Atualmente, o grau de endividamento está acima do estipulado pela LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal).
A prefeitura culpa as gestões anteriores pelo aumento da dívida, principalmente as emissões de precatórios de Paulo Maluf (93-96), os juros do governo FHC e a renegociação feita por Celso Pitta (97-00) com a União em 2000.
Em novembro de 2002, a taxa de juros subiu de 6% para 9% ao ano porque a cidade não pagou amortização de R$ 3 bilhões. São Paulo já destina 13% de sua receita para quitar a dívida -esse é o teto previsto no acordo estabelecido com o governo federal.
Cerca de 250 dos 380 fiéis da Igreja Batista da Graça participaram do culto que contou com a presença de Marta.
A igreja foi fundada há 43 anos, segundo seu presidente, Antonio João Nascimento, que afirmou que a visita da prefeita foi agendada por meio de um funcionário da subprefeitura da região.
Durante a celebração, a prefeita, que estava acompanhada de seu marido, Luis Favre, recebeu uma bênção do pastor Alcides.
"Meu Deus, abençoe a prefeita porque essa autoridade que ela tem vem de ti." Entre os pedidos que fez a Deus, o pastou rogou que as pessoas paguem os seus impostos em dia.
Depois do culto, a petista fez um rápido discurso aos fiéis presentes, no qual elogiou os programas sociais da prefeitura, como o renda mínima e o de distribuição de uniformes escolares e projetos na área de educação e de transportes.
Após deixar a igreja, Marta se dirigiu à Feira das Nações, realizada na mesma região de Ermelino Matarazzo, onde visitou barracas de vários países, entre os quais a da Rússia, a do Japão e a da Suíça.
No local, a prefeita recebeu vários cumprimentos, mas também foi xingada e vaiada por freqüentadores da feira popular.
No final da visita, quando começou um coro de "eiro, eiro, eiro, devolve o meu dinheiro (sic)", participantes simpáticos à prefeita reagiram com gritos de "Marta, Marta, Marta". Ainda na noite de ontem, a prefeita participou de uma festa junina promovida pelo clube Juventus, na Mooca.


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