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JANIO DE FREITAS
As rolhas na CPI
A queda de José Genoino,
chamada de renúncia por
seus amigos e amigas na mídia,
levou a um ato que enriqueceu
muito os anais da grande farsa
que é o interesse dos poderes pela educação no Brasil. Tirar o
ministro da Educação, que nem
sairia na "reforma ministerial",
para fazê-lo de rolha no rombo
que esvai a moralidade do PT,
submete o governo a uma condenação irrecorrível, e Lula à
negação absoluta da discurseira
que faz, mundo afora, pela educação. O próprio Tarso Genro
pediu mais 15 dias no ministério, para concluir o plano de reforma em que trabalhava. Ora,
é só uma medida pela educação,
enquanto a outra, ah, a outra é
pelo PT.
Os efeitos imediatos da presença de Tarso Genro são, no
âmbito do PT, essencialmente
os que decorrem da saída de José Genoino, Delúbio Soares e Silvio Pereira, ou seja, valem pela
saída e não pela entrada. Já
quanto aos reflexos que o partido do governo projeta para fora
de si, será na CPI que se notará
logo se a presidência petista de
Tarso Genro traz alguma contribuição efetiva.
O PT é o centro da crise. Não
foram as denúncias de Roberto
Jefferson que a criaram. Foi a
incapacidade dos petistas, já
nem se diga de desmontá-las,
mas, ao menos, de torná-las
mais duvidosas do que espantosas. Incapacidade forçada, à
margem de possíveis insuficiências de parlamentares petistas,
pelo emudecimento acovardado
dos atingidos na cúpula petista.
José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e Silvio Pereira deixaram seus companheiros defensores desarmados e ao relento, para escolherem por si entre
a grandeza e o ridículo.
O ridículo venceu sem resistência. O PT, ou ex-PT, adotou o
papel de resistência à busca dos
fatos, das responsabilidades, dos
fins e seus sentidos. Um reconhecimento inequívoco de que
todos os petistas, na CPI, sabem
que riscos estão implícitos em
cada pergunta feita com o propósito de desvendar e entender.
Nem um ou outro aparentemente mais desconfortável nessa pequenez, como o deputado
José Eduardo Cardoso, conseguiu que os malabarismos do
seu talento disfarçassem os propósitos, que, se não aplicados de
fato à investigação, acobertadores são. E não há discurso ou espetáculos de falta de compostura, tão ao gosto da senadora
Ideli Salvatti, que prove o oposto.
Na CPI está o teste que dirá
quem é Tarso Genro e, talvez
até, o que poderá ser. Até agora,
os afastados do PT regeram o
papel antiético e antidemocrático dos inquiridores petistas.
Com a mudança no comando
partidário, o ex-PT vai começar
a lembrar-se do PT, como diz
Tarso Genro ser o seu objetivo, e
portar-se com constrangimento
mas com dignidade na CPI? Se
não, Tarso Genro terá aceitado
que sua missão inclua também
certos acobertamentos, até hoje
não esperados dele. Então, a
mudança terá sido mais uma
etapa da derrocada que pôs o
PT na causa e no centro da crise.
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