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Procuradoria denuncia 116 por depredação da Câmara
Integrantes do MLST são acusados de crime político e lesão corporal, entre outros
Pena mínima para suspeitos de quebra-quebra é de três anos de prisão; líder petista Bruno Maranhão é acusado de ser o mentor da invasão
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério Público Federal
denunciou à Justiça 116 militantes do MLST (Movimento
de Libertação dos Sem Terra)
pelas supostas práticas de crime político, formação de quadrilha, lesão corporal, dano
contra o patrimônio público e
resistência a ato legal de servidor público, devido à invasão e
quebra-quebra na Câmara, em
6 de junho. As penas mínimas
são de três anos de prisão.
O principal líder do movimento, Bruno Maranhão, que
está entre os 42 militantes presos na penitenciária da Papuda,
em Brasília, foi apontado como
o mentor da invasão. Se condenado, a acusação pode levar ao
agravamento de sua pena.
Boris Trindade, advogado de
Maranhão e do MLST, disse
que a denúncia foi excessiva.
Para Trindade, se houve crime
político, esse deveria absorver
os demais, por ser o mais grave.
O Ministério Público dividiu
os 116 acusados em dois grupos.
O chamado "Grupo A" é composto por 80 militantes, além
de Maranhão, que participaram, segundo o Ministério Público, da invasão e de reunião
na véspera do ato na sede da
Confederação Nacional dos
Trabalhadores na Agricultura.
No encontro, firmaram palavras de ordem e a disposição de
revidar com violência a tentativas de conter o movimento.
O grupo é qualificado como
"quadrilha". "A conduta dos denunciados expôs a perigo de lesão o Estado de Direito e foi
motivada por fins políticos, caracterizados pelo intento de,
com violência e graves ameaças, fazer apologia às convicções a respeito da reforma
agrária e ao presidente", diz a
denúncia, feita anteontem.
De acordo com o procurador
José Robalinho, 1 dos 5 que assinam a denúncia, para caracterizar o crime político é fundamental "a violação da legalidade, com violência, para impedir
o livre exercício do Poder Legislativo, como de fato aconteceu". Também é apontada a
atuação da militante Francielle
Assêncio, presa em Brasília. Segundo a denúncia, ela "aparece
em diversas imagens com um
objeto na mão (pedaço de pau
ou barra de ferro) destruindo,
furiosamente, terminais de
computadores".
O "Grupo B" destacado na
denúncia é composto por 35
militantes, que não foram acusados de crime político nem de
formação de quadrilha. Se a
Justiça acolher a denúncia, devem responder ação penal por
lesões corporais, dano ao patrimônio público e desobediência.
No entendimento de Robalinho e seus colegas, a Justiça deve soltar 10 dos 42 militantes
presos. Os procuradores pedem que eles, além de outros
314, continuem a ser investigados pela Polícia Federal.
Invasão
Sem-terra ligados à Comissão Pastoral da Terra invadiram anteontem a sede do Incra
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em
João Pessoa (PB).
Segundo o órgão, cerca de mil
pessoas ocupavam ontem o pátio externo e corredores das
instalações administrativas. Os
sem-terra querem mais agilidade do Incra nas vistorias e desapropriações de terra.
Colaborou a Agência Folha
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