São Paulo, quinta-feira, 12 de julho de 2007

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Toda Mídia

Nelso de Sá

Quase todos

O circo continua, a um passo do recesso. Nas manchetes dos telejornais e sites, a desistência de Renan Calheiros, que não presidiu a sessão no Senado, mas até o último momento, dizia a blogosfera, ainda ameaçava, em vaivém pela praça dos Três Poderes. No fim, ao vivo pela TV Senado, a sessão foi uma modorra.

 

Na outra ponta do palco, geralmente às escuras, a Bloomberg fez reportagem especial sobre a informação privilegiada no país, "insider trading", com repercussão na home page do "Wall Street Journal", dizendo que "quase todos os 145 negócios de fusão e aquisição de empresas fechados neste ano vazaram antes". É prática que "infecta as ações" por aqui, mas os investidores externos não ligam, em meio ao "boom".

RESPOSTA OU SILÊNCIO
Depois do encontro de Lula com o secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson, em que o assunto foi priorizado, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, saiu pelas agências AP, Reuters, Efe dizendo que o "Brasil buscará os aliados China e Índia para reformar o FMI". Mas logo entrou artigo no "Financial Times", dizendo que o "silêncio" de China e Índia visa tirar legitimidade e levar EUA/Europa a "cavar cova mais profunda para o sistema financeiro mundial".
Por outro lado, no "Christian Science Monitor", com a foto do brasileiro e colegas de Argentina, Venezuela etc. (abaixo), uma longa reportagem arriscou com "A resposta da América Latina ao Banco Mundial e ao FMI". O jornal diz que "é uma coisa quando Chávez tacha Banco Mundial e FMI de armas do imperialismo", mas "agora não é só Chávez". Cita elogios de "think tanks" dos próprios EUA.
csmonitor.com
Os ministros "acertam o passo"


ENQUANTO ISSO
O "New York Times" destacou que, enquanto o secretário do Tesouro anda por aqui, "senadores influentes de ambos os partidos, apoiados por centrais sindicais e grandes companhias, vão apresentar nova proposta contra o aquecimento global", nos EUA.
Ela prevê "impor taxas semelhantes a tarifas sobre a importação de produtos que emitam carbono em sua produção, como aço e automóveis, de China, Índia, Brasil e outros países emergentes".

A MONTANHA
O mesmo secretário Henry Paulson é o principal entrevistado da nova revista "Fortune", na edição especial que sublinha "O maior boom econômico da história". Ele comenta, entre outras coisas, "a ascensão do protecionismo":
- É o desafio que nós temos pela frente. O público está preocupado com a globalização. Não importa o que pessoas como eu possam pensar, nós estamos diante de uma batalha montanha acima, se o público não comprar a idéia.

DE BAGDÁ A PORTO ALEGRE
A BBC deu que, pelo telefone, o primeiro-ministro britânico Gordon Brown tratou com Lula de Rodada Doha, do futuro encontro do chanceler Celso Amorim com o comissário europeu Peter Mandelson, e também "parabenizou o presidente pela atuação brasileira no combate à fome e na questão da mudança climática".
Brown, pelo jeito, anda encantado com o Brasil. Em série de reportagens e até edição de cartas, ontem e ao longo dos últimos dias, o londrino "Guardian" e a BBC vêm destacando o Orçamento Participativo de Porto Alegre, que seria o modelo para uma ação anunciada na semana passada pelo novo gabinete do Reino Unido.

SUBMARINOS CÁ
Com um dia de atraso, ecoou ontem pelos sites de "NYT", "Washington Post" e também outras partes, notadamente China e Índia, a notícia de que o Brasil vai voltar a investir no programa nuclear da Marinha, inclusive com a produção de "submarinos de propulsão nuclear".
Aqui e ali, registro para a controvérsia em torno das inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica, há três anos, e à origem do projeto, na ditadura militar.

E LÁ
O venezuelano "El Universal" ironizava ontem os submarinos que Chávez foi comprar na Rússia: "Para quê? Para viajar a Cuba quando quiser sem que ninguém note".
A piada parou aí -e o longo texto detalhou serem nove, com "armamento altamente sofisticado" etc. Uma semana atrás, quando se divulgou a compra, a Marinha brasileira convocou entrevista com correspondentes estrangeiros e declarou que nada indicava uma "corrida armamentista".

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@ - Nelson de Sá



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