|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CASO TRT
Denúncia foi feita por procuradora da República; Banco Central nega
Decisão judicial confirma rastreamento incompleto
WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Decisões de dois juízes federais
de São Paulo confirmam que o
Banco Central enviou ao Ministério Público Federal rastreamento
incompleto dos R$ 169 milhões
desviados da obra superfaturada
do Fórum Trabalhista de São Paulo -o que é apontado como obstáculo às investigações realizadas
pelos procuradores e à recuperação do dinheiro.
A denúncia contra o Banco
Central foi reafirmada anteontem
pela procuradora da República
Isabel Groba à subcomissão do
Senado que cuida dos desdobramentos da CPI do Judiciário.
O BC contestou a procuradora.
Em 30 de abril de 1999, foi protocolado na delegacia regional do
Banco Central em São Paulo ofício do juiz substituto da 12ª Vara,
José Carlos Motta, que solicita,
"com a máxima urgência", o rastreamento de duas contas da
construtora Incal no Banco do
Brasil "para que sejam localizados
os beneficiários finais dos recursos".
Nova decisão
Um ano e três meses depois da
decisão, o Banco Central entregou
ao Ministério Público de São Paulo menos da metade do rastreamento e, ainda assim, com dados
incompletos.
Isso motivou nova resolução judicial, dessa vez pela juíza titular
da mesma vara, Sílvia Figueiredo
Marques.
Em sua decisão, de 3 de julho último, a juíza afirma: "O trabalho
de rastreamento já realizado pelo
Banco Central não foi feito de maneira uniforme. Em alguns casos
foi identificado o titular da conta
que recebeu recursos, em outros,
não. Em alguns casos o rastreamento foi adiante, pesquisando-se conta de titularidade do Grupo
Monteiro de Barros, e em outros,
não".
A juíza concedeu então 90 dias
de prazo (até 3 de outubro) para o
Banco Central terminar o rastreamento indicando o destinatário
final dos recursos.
Determinou também que o
Banco Central informe os nomes
dos titulares das contas por onde
o dinheiro do Fórum Trabalhista
de São Paulo transitou -e não
apenas números, que não ajudam
a investigação.
Dados "remanescentes"
Em resposta à reclamação da
procuradora da República, a assessoria de imprensa do Banco
Central afirmou que o banco sempre encaminhou "dentro do prazo" as informações solicitadas pelo Ministério Público e que não
haverá atraso na entrega dos dados "remanescentes".
Os dados remanescentes vêm a
ser mais da metade do rastreamento determinado em abril de
1999.
Das 80 ordens de crédito relativas à obra do TRT-SP (Tribunal
Regional do Trabalho de São Paulo), até o mês passado o Banco
Central só havia entregue o rastreamento parcial de 8 -todas de
1992.
No dia 14 do mês passado, o
Banco Central entregou o rastreamento também parcial de mais 34
ordens.
Resta, portanto, terminar o rastreamento dessas 42 ordens de
crédito e entregar o rastreamento
completo de mais 38.
Sem isso, o Ministério Público
argumenta que não tem como saber o destino de cerca de R$ 90
milhões dos R$ 169 milhões desviados.
O rastreamento parcial indicou
o Grupo OK como principal beneficiário do desvio de verbas
-um dos fatos que justificaram a
quebra de decoro parlamentar do
então senador Luiz Estevão
(PMDB-DF) e que fizeram com
que ele perdesse seu mandato, em
junho.
A juíza enumera uma série de
falhas no rastreamento das oito
primeiras ordens de crédito feito
pelo BC, entre elas:
1) não ter sido feito o rastreamento bancário das verbas federais que saíram do Banco do Brasil para os bancos Itaú, Safra e
Unibanco;
2) não terem sido rastreados
cinco depósitos feitos de maio a
julho de 1992 em uma conta da
empresa Monteiro de Barros Escritório Imobiliário no Banco Cidade;
3) não terem sido rastreados depósitos na conta dessa mesma
empresa no Banco Safra;
4) não terem sido identificados
todos os titulares de contas que
teriam sido beneficiadas com o
dinheiro desviado.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: BC afirma que está dentro do prazo da Justiça Índice
|