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SOMBRA NO PLANALTO
Quase todos os telefonemas foram feitos quando Diniz era assessor da Presidência, diz relator da CPI
Cachoeira fez 209 ligações para Waldomiro
DA SUCURSAL DO RIO
A CPI da Alerj (Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro) que
investiga a atuação de Waldomiro
Diniz no período em que ele foi
presidente da Loterj (Loteria do
Estado do Rio de Janeiro) identificou 248 ligações, feitas entre fevereiro de 2001 e fevereiro de 2004,
entre o ex-assessor da Casa Civil e
o empresário do jogo Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Das 248 ligações, 209
eram de Cachoeira para Waldomiro, e 39, de Waldomiro para
Cachoeira.
Waldomiro ainda era assessor
da Casa Civil da Presidência da
República quando, em fevereiro
deste ano, foi divulgada fita em
que ele negocia propina com Cachoeira. A gravação foi feita no
período em que Waldomiro era
presidente da Loterj.
A CPI que investiga ações de
Waldomiro na Loterj deve votar
na semana que vem o relatório final. Caso seja aprovado, será votado no plenário da Alerj em duas
semanas. Segundo um dos relatores da CPI, deputado Luiz Paulo
Corrêa da Rocha (PSDB), quase a
totalidade (243) das 248 ligações
aconteceram quando Waldomiro
já era assessor da Presidência. Segundo ele, quando Waldomiro
era presidente da Loterj, o contato
era feito pessoalmente.
Ele explica que a CPI estadual
investigou a relação entre Cachoeira e Waldomiro quando este
já estava no governo federal porque esse contato poderia ajudar a
esclarecer a ligação dos dois desde
o período em que Waldomiro estava na Loterj.
A CPI estadual investiga somente os supostos crimes cometidos por Waldomiro na sua gestão
como presidente da Loterj, ou seja, no período de fevereiro de 2001
a dezembro de 2002.
Na avaliação do relator da CPI,
o número de ligações indica uma
relação próxima entre Waldomiro e Cachoeira.
O presidente da CPI, deputado
Alessandro Calazans (PV), afirma
que tem esperança de que o STF
(Supremo Tribunal Federal) autorize a CPI a quebrar o sigilo
bancário de Waldomiro (pedido
que já foi negado na 5ª Vara Criminal do Rio) antes da votação do
relatório e do fim dos trabalhos.
Embora o relatório não tenha
sido votado na CPI, a tendência é
que ele peça à Justiça a condenação de Waldomiro sob acusação
dos crimes de corrupção ativa,
corrupção passiva, improbidade
administrativa e concussão.
A Folha tentou entrar em contato no final da tarde de ontem
com o advogado de Waldomiro,
Luiz Guilherme Vieira. Foi deixado um recado em seu telefone celular, mas, até o fechamento desta
edição, ele não havia entrado em
contato com a reportagem. Em
depoimento em junho deste ano à
CPI, Waldomiro afirmou que foi
vítima de chantagem de Cachoeira -acusação que este nega.
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