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PF prende 30 no Amazonas por fraudes com merenda
Quadrilha vendia comida vencida e superfaturou licitações de R$ 126 milhões
Principal fraude envolveu
o fornecimento de 230 mil
cestas básicas a flagelados
da seca que atingiu o Pará e
o Amazonas no ano passado
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
A Polícia Federal prendeu
ontem 30 suspeitos de envolvimento em um esquema de venda superfaturada de alimentos
para merenda escolar, quartéis
do Exército e famílias carentes.
Por meio do esquema, foram
fraudadas licitações da ordem
de R$ 126 milhões no Amazonas. A quadrilha também vendia comida vencida na capital
amazonense.
As maiores fraudes ocorreram na Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e envolveram o fornecimento de
230 mil cestas básicas aos flagelados da seca que atingiu o
Amazonas e o Pará, em 2005. O
dinheiro, cerca de R$ 30 milhões, veio do governo federal.
Houve também licitação
fraudada para compras de cestas básicas -com alimentos
impróprios, como açúcar contaminado por fezes de rato e arroz infestado de parasitas, além
de peixe contaminado com larvas- fornecidas ao Exército. A
origem do superfaturamento,
segundo a PF, foi o 12º Batalhão
de Suprimentos do Exército.
Dez militares foram presos.
As prisões foram cumpridas
em Manaus, no Distrito Federal e em mais cinco Estados.
Cerca de 250 agentes da PF
participaram da ação, cumprindo 64 mandados de busca e
apreensão. Ontem, durante as
buscas e apreensões, policiais
federais encontraram um armazém em Manaus, montado
pela quadrilha, com 300 toneladas de alimentos vencidos.
Fiscais da Vigilância Sanitária
já consideraram metade dos
alimentos como impróprios
para o consumo humano.
Entre os presos temporários
(cinco dias) estão o subsecretário de Fazenda do Amazonas,
Afonso Lobo, o superintendente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) do
Amazonas, Juscelino de Souza
Moura, e Manoel Paulino da
Costa Filho, assessor do vice-governador do Amazonas,
Omar Aziz (PMN).
A Polícia Federal apontou o
empresário Cristiano da Silva
Cordeiro como líder do esquema, que também envolvia
agentes públicos, militares e
empresários. São acusados de
participar do esquema os empresários Lamark Barroso de
Souza, da empresa Natumilk, e
Ricardo de Oliveira Lobato, da
empresa Ciali. Em 2002, as
duas empresas, que fornecem
alimentos para merenda escolar, foram acusados de fraudar
prazo de validade de alimentos.
A Companhia Ciali Amazonense de Alimentos é investiga no
escândalo a Sudam.
O empresário Cristiano Cordeiro foi preso às 6h de ontem
em um condomínio de um bairro nobre de Manaus. Ele teria
montado um esquema com 60
empresas, sendo que 19 delas
movimentaram em torno de R$
354 milhões nos últimos seis
anos, declarando aos fisco receita de R$ 27,7 milhões no
mesmo período, segundo o superintendente da Receita Federal na 2ª Região, José Tostes
Barroso.
As investigações da Operação
Saúva começaram em março de
2005, depois que PF detectou o
esquema durante uma operação que prendeu policiais rodoviários federais.
"Detectamos um grupo de
empresários do setor de gêneros alimentícios da cidade de
Manaus que fraudava licitações
em vários órgãos, entre eles o
governo do Amazonas, as prefeituras de Manaus e Presidente Figueiredo, a Conab e o
Exército brasileiro. O esquema
contava com uma vasta participação desses órgãos", disse o
coordenador da Operação Saúva, delegado Jocenildo Cavalcante.
A quadrilha agia há mais de
seis anos. Os empresários, com
a colaboração dos servidores
públicos e militares -que recebiam propina e viagens ao exterior-, obtinham informações
privilegiadas para ganhar as licitações.
Os produtos vendidos pelo
esquema não respeitavam as
especificações dos editais e
seus preços eram superfaturados. A quadrilha, acusada de
crimes como fraudes em licitações, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, corrupção ativa
e peculato, simulava entregas
de produtos. Para isso, contavam com o apoio de fiscais da
Vigilância Sanitária. Ontem,
duas fiscais municipais foram
presas.
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