|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
58% da propina foi para evangélicos, diz CPI
Mais de um terço da bancada evangélica do Congresso responderá a processo por suposto envolvimento na fraude das ambulâncias
Entre os 23 envolvidos, que
receberam juntos R$ 5,3 mi,
Lino Rossi (PP-MT) teria sido
o primeiro parlamentar a
contatar a máfia, diz Vedoin
LETÍCIA SANDER
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Integrantes da bancada
evangélica do Congresso receberam 58% do total da propina
repassada a parlamentares pela
máfia das ambulâncias, aponta
o relatório da CPI dos Sanguessugas aprovado anteontem.
Dos 66 congressistas ligados
a igrejas evangélicas tradicionais ou neopentecostais, 23
-mais de um terço da bancada- estão envolvidos nas irregularidades e tiveram a cassação de seus mandatos sugerida.
Juntos, receberam ao menos
R$ 5,3 milhões dos cerca de
R$ 9 milhões que a família Vedoin afirma ter pago como "comissão" pelo direcionamento
de emendas. Dos 23 congressistas, 10 são ligados à Igreja Universal do Reino de Deus, e nove,
à Assembléia de Deus.
Nos depoimentos à Justiça
Federal e à CPI, Darci e Luiz
Vedoin, os donos da Planam,
mostram que a bancada dos
evangélicos esteve na origem
da máfia. Eleito com o apoio da
bancada Batista, Lino Rossi
(PP-MT) teria sido, segundo
eles, o primeiro parlamentar a
fazer contato com a Planam.
"Na origem do caso, há dois
deputados da base evangélica.
É natural que eles chamassem
para o esquema aqueles colegas
com quem tinham mais contato", disse Walter Pinheiro (PT-BA), da Igreja Batista. Além de
Rossi, Pinheiro se refere a Carlos Rodrigues (sem partido-RJ), que era da Universal.
O petista diz que não há envolvimento da bancada na fraude, mas de pessoas que usaram
as igrejas para montar um esquema eleitoral. Foi Lino Rossi
quem teria apresentado os Vedoin a boa parte dos que mais
tarde viriam a integrar a máfia.
Dos evangélicos, Rossi foi
quem mais teria lucrado com a
fraude -R$ 3,1 milhões. Segundo a família Vedoin, Carlos Rodrigues também teve participação decisiva na arquitetura da
máfia coordenando o grupo de
evangélicos e supervisionando
o direcionamento de emendas.
Segundo a CPI, depois de
Rossi, o evangélico que levou a
maior propina foi Nilton Capixaba (PTB-RO). Segundo-secretário da Câmara e ligado à
Assembléia de Deus, ele teria
recebido ao menos R$ 646 mil.
Também acusado pela CPI,
Adelor Vieira (PMDB-SC), hoje
coordenador da bancada, diz
ver uma perseguição em torno
dos evangélicos. Questionado
sobre o motivo de tantos deputados da bancada estarem envolvidos, disse que "não tem
nenhum juízo a esse respeito".
Segundo a CPI, Vieira teria recebido pelo menos R$ 40 mil.
Além dos 72 congressistas
contra os quais foi pedida a cassação, a CPI apura a atuação de
27 ex-deputados e um ex-senador. Seus nomes foram repassados à Folha pela CPI e devem constar do relatório final.
Eles não tiveram seus casos citados anteontem porque não
estão no exercício do mandato.
Um exemplo é de Gessivaldo
Isaías, que, disse Vedoin, teria
recebido R$ 20 mil. Luís
Eduardo de Oliveira, o Luisinho, também teria recebido R$
20 mil, em 2002, disse Vedoin.
Texto Anterior: A operação da PF Próximo Texto: Outro lado: Deputados alegam falta de provas Índice
|