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Aldo e Conselho de Ética tentam acelerar cassações
Presidente da Câmara diz que vai propor corte nos prazos de apresentação de defesa
Mesmo que medida seja implementada, dificilmente algum envolvido na máfia das sanguessugas será punido na atual legislatura
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente da Câmara dos
Deputados, Aldo Rebelo (PC do
B), defendeu ontem, em Campinas (SP), a alteração do prazo
de defesa dos parlamentares citados por suposto envolvimento na fraude das ambulâncias,
que passaria de cinco sessões
para cinco dias úteis. Ele também quer que as votações para
processos de perda de mandato
tenham voto aberto.
A CPI dos Sanguessugas
aprovou anteontem relatório
que pede a cassação do mandato de 69 deputados federais e de
três senadores.
Aldo já era presidente da Câmara durante o julgamento dos
mandatos de deputados investigados na CPI do Mensalão, no
ano passado, mas não propôs
essas medidas na ocasião.
Sem estrutura para analisar
de uma vez os 69 pedidos de
cassação de mandato de deputados relativos ao esquema dos
sanguessugas, o Conselho de
Ética da Câmara dos Deputados marcou reunião para a terça-feira para tentar mudar o
seu regulamento. A intenção é
revogar a norma que proíbe os
integrantes do Conselho de relatar mais de um processo simultaneamente.
Isso porque o órgão possui 14
titulares e 15 suplentes aptos a
relatar processos. Caso a norma se mantenha, os acusados
de participar da máfia das ambulâncias teriam que ser divididos em três "lotes".
Aldo Rebelo disse que vai
propor à Mesa da Câmara a alteração do prazo de defesa dos
deputados para agilizar os processos e evitar que o período
eleitoral atrapalhe a realização
de sessões por falta de quórum.
O deputado disse ainda que,
no início de setembro, convocará uma reunião com líderes
dos partidos para propor uma
emenda à Constituição que instaure o voto aberto -em vez de
secreto- em casos de votação
de perda de mandato.
Apesar de a cúpula da Câmara adotar o discurso de que fará
de tudo para acelerar a tramitação do julgamento dos casos, é
muito difícil que algum deles
tenha sua conclusão antes do
final da atual legislatura, em 31
de janeiro. O Congresso funcionará esvaziado, no chamado
"recesso branco", até as eleições de outubro. Em tempos de
trabalho normal, os processos
no Conselho de Ética levam pelo menos três meses.
Também na terça-feira, a
Mesa da Câmara se reúne para
igualmente alterar regras da
Corregedoria, órgão que pode
ter que dar um parecer sobre os
69 casos antes da abertura do
processo no Conselho de Ética.
Isso só não ocorrerá caso algum partido cumpra a promessa de pedir a abertura imediata
dos processos no Conselho -o
que, pela Constituição, elimina
a necessidade de parecer da
Corregedoria. "Vou convidar o
PSOL e o PPS na segunda a assinarem o pedido. Se não quiserem, o PV o fará. Temos de passar por cima da Corregedoria.
Ela é parte do problema, não é a
solução. É uma corregedoria
escolhida pelo Severino [Cavalcanti, ex-presidente da Câmara, que renunciou ao mandato),
está lá para proteger", afirmou
o deputado Fernando Gabeira
(PV-RJ), integrante da CPI dos
Sanguessugas.
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