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11 deputados usaram textos idênticos para pedir ônibus à União
Desses, 8 tiveram cassação pedida pela CPI; justificativa pode ter sido baseada em panfleto distribuído pela Planam
No total, 29 congressistas apresentaram emendas
de R$ 18 mi para a compra
de veículos ao Ministério
da Ciência e Tecnologia
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
Emendas de 29 deputados federais -15 com cassação pedida pela CPI dos Sanguessugas-
destinaram R$ 17,6 milhões em
2005 e 2006 a projetos de compra de ônibus com computadores para inclusão digital.
O empresário Luiz Antonio
Vedoin, um dos chefes da máfia
das ambulâncias, disse em depoimento que suas empresas
atuavam também no segmento.
Ao menos 11 das propostas
reproduzem literalmente a
mesma justificativa, em texto
de sete linhas, explicando por
que comprar os ônibus. Dessas,
8 são de deputados listados pela
CPI. Outras nove justificativas
contêm ao menos duas frases
exatamente iguais à justificativa padrão usada pelos colegas.
O deputado João Correia
(PMDB-AC) disse que o empresário Darci Vedoin, dono da
Planam, ia de gabinete em gabinete oferecer o projeto dos ônibus digitais, com panfletos do
programa, mas não soube afirmar se o texto de todos foi copiado do folder da Planam.
O MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia) analisou os
projetos e repassou R$ 13,5 milhões para as emendas em novembro e dezembro do ano
passado. Só em 10 de maio, seis
dias depois da eclosão do escândalo, cancelou o pagamento
da maior parte desse valor.
Do total, R$ 2,7 milhões foram gastos e três ônibus comprados. Todos foram adquiridos de empresas dos Vedoin.
A Finep -órgão do MCT sediado no Rio- pagou às empresas por meio de três ONGs:
Ibrae (Instituto Brasileiro de
Cultura e Educação), Intedeq
(Instituto de Tecnologia e Desenvolvimento de Qualidade) e
Instituto Amor pela Vida.
O Ibrae teve como diretor
Nylton Simões, representante
da Planam no Rio. O Intedeq
receberia pelo menos mais sete
emendas, de R$ 6,4 milhões.
Parlamentares do Estado do
Rio são responsáveis por R$
5,43 milhões em emendas para
os ônibus digitais. Os únicos
ônibus digitais efetivamente
comprados e pagos pelo governo federal foram no Estado.
O deputado Paulo Baltazar
(PSB-RJ), outro incluído na lista da CPI, destinou R$ 1,08 milhão para a compra de cinco
ônibus para municípios do Rio.
A Finep liberou R$ 1,6 milhão,
mas só dois ônibus -usados-
foram comprados e até hoje
nunca utilizados.
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