São Paulo, sábado, 12 de agosto de 2006

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Okamotto não comenta nova versão de Lula

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Há mais de um ano sem conseguir provar saques de dinheiro destinados a pagar dívida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o PT, o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, não quis comentar ontem a nova versão apresentada por Lula para o episódio.
Em entrevista ao "Jornal Nacional" anteontem, Lula narrou uma suposta conversa entre ele e Okamotto antes do pagamento: "Quer pagar, você paga, porque eu não vou pagar, porque não devo ao PT".
Há um ano, Okamotto se responsabilizou pelo pagamento da dívida de R$ 29,4 mil de Lula com o PT, registrada na prestação de contas do partido. A CPI dos Correios investigava se o pagamento teria sido feito com dinheiro do caixa dois do PT, administrado pelo ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares e pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.
Havia duas semanas que o Palácio do Planalto insistia em que Lula desconhecia a dívida quando o presidente do Sebrae assumiu a responsabilidade pelo pagamento.
Em entrevista à Folha em 9 de agosto de 2005, Okamotto contou que não falara com Lula sobre a dívida. "Não comentei nada com ele. Primeiro, você imagina, em 2003, o seguinte cenário: você assumindo o governo, eu via pouco o presidente, não ia ficar enchendo o saco dele com uma coisa como essa", relatou ele, que fora procurador de Lula na rescisão do contrato de trabalho com o PT.
A versão é diferente da apresentada anteontem por Lula. Questionado sobre a divergência, Okamotto não quis falar. "Ele não vai comentar, ele já falou exaustivamente sobre o assunto", disse sua assessoria.
Até o encerramento dos trabalhos da CPI dos Bingos, Okamotto se recusou a explicar como providenciou o dinheiro destinado a quitar a dívida. Mais de uma vez, ele recorreu ao Supremo Tribunal Federal para impedir a quebra de seu sigilo bancário, determinada pela comissão.
À Folha o presidente do Sebrae, que tem vencimentos mensais de cerca de R$ 30 mil, disse ter feito saques no valor de R$ 45 mil entre setembro de 2003 e março de 2004 para pagar a dívida, embora a primeira das quatro parcelas tenha sido paga apenas em dezembro de 2003. (MARTA SALOMON)


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