|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Prefeito de SP queima reservas para agilizar obras
Governo Kassab já usou 35% do R$ 1,2 bilhão que tinha acumulado até dezembro; secretário defende "austeridade do passado"
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Faltando pouco mais de um
ano para a eleição municipal, a
Prefeitura de São Paulo tem
lançado mão de suas "economias" para a realização de
obras. De abril para cá, o prefeito Gilberto Kassab assinou oito
decretos em que cobre gastos
em investimentos -da conclusão do hospital Tiradentes à
construção de CEUs (Unidades
Educacionais Integradas)-
com "recursos provenientes do
superávit financeiro".
Já foram autorizados gastos
de R$ 423,5 milhões, além do
previsto no orçamento. Superávit é a diferença entre o que o
governo arrecada e o que gasta.
Nos últimos dois anos, a prefeitura acumulou cerca de R$ 1 bilhão, graças a um esforço fiscal.
Segundo levantamento feito
pelo gabinete do vereador Paulo Fiorilo (PT), o superávit apurado em dezembro era de
R$ 1.191.855.339,27. Para autorização de créditos suplementares, a gestão retirou 35,53%
dessas "reservas". Kassab aposta nas obras para construir uma
imagem de "engenheiro".
O maior dos decretos prevê
R$ 166 milhões para obras em
educação. Com a suplementação, que inclui outras fontes de
recursos, foi possível ampliar a
verba para construção de 23
CEUs dos R$ 60 milhões originais para R$ 281,9 milhões.
Outro autoriza crédito de
R$ 112 milhões para gastos como fornecimento de uniforme
e transporte escolar. Num outro decreto, são destinados
R$ 105 milhões a obras como
melhoria de ruas e calçadas e
recuperação de patrimônio cultural (Praça das Artes).
A prefeitura também ampliou em R$ 15 milhões a previsão dos gastos em publicidade.
O crédito suplementar representou um aumento de
75,7% das despesas com "publicações de interesse do município", o que teria elevado também a média mensal de gastos
com publicidade de R$ 2,1 milhões em 2006 para R$ 3,4 milhões neste ano. Para Fiorilo,
"durante três anos, houve uma
política para acumular recursos e a prefeitura começa a investir às vésperas da eleição".
O secretário de Planejamento, Manuelito Pereira Magalhães, nega que o governo esteja
abrindo mão de uma política de
austeridade para gastar em
obras. "Estamos usando a austeridade do passado para investir nas prioridades", alegou ele,
lembrando que parte da verba
represada já era vinculada.
Texto Anterior: Janio de Freitas: Está ele aí Próximo Texto: Boxe cubano: Embaixador agradece ação do governo Lula Índice
|