São Paulo, domingo, 12 de agosto de 2007

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Prefeito de SP queima reservas para agilizar obras

Governo Kassab já usou 35% do R$ 1,2 bilhão que tinha acumulado até dezembro; secretário defende "austeridade do passado"

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Faltando pouco mais de um ano para a eleição municipal, a Prefeitura de São Paulo tem lançado mão de suas "economias" para a realização de obras. De abril para cá, o prefeito Gilberto Kassab assinou oito decretos em que cobre gastos em investimentos -da conclusão do hospital Tiradentes à construção de CEUs (Unidades Educacionais Integradas)- com "recursos provenientes do superávit financeiro".
Já foram autorizados gastos de R$ 423,5 milhões, além do previsto no orçamento. Superávit é a diferença entre o que o governo arrecada e o que gasta. Nos últimos dois anos, a prefeitura acumulou cerca de R$ 1 bilhão, graças a um esforço fiscal.
Segundo levantamento feito pelo gabinete do vereador Paulo Fiorilo (PT), o superávit apurado em dezembro era de R$ 1.191.855.339,27. Para autorização de créditos suplementares, a gestão retirou 35,53% dessas "reservas". Kassab aposta nas obras para construir uma imagem de "engenheiro".
O maior dos decretos prevê R$ 166 milhões para obras em educação. Com a suplementação, que inclui outras fontes de recursos, foi possível ampliar a verba para construção de 23 CEUs dos R$ 60 milhões originais para R$ 281,9 milhões.
Outro autoriza crédito de R$ 112 milhões para gastos como fornecimento de uniforme e transporte escolar. Num outro decreto, são destinados R$ 105 milhões a obras como melhoria de ruas e calçadas e recuperação de patrimônio cultural (Praça das Artes).
A prefeitura também ampliou em R$ 15 milhões a previsão dos gastos em publicidade.
O crédito suplementar representou um aumento de 75,7% das despesas com "publicações de interesse do município", o que teria elevado também a média mensal de gastos com publicidade de R$ 2,1 milhões em 2006 para R$ 3,4 milhões neste ano. Para Fiorilo, "durante três anos, houve uma política para acumular recursos e a prefeitura começa a investir às vésperas da eleição".
O secretário de Planejamento, Manuelito Pereira Magalhães, nega que o governo esteja abrindo mão de uma política de austeridade para gastar em obras. "Estamos usando a austeridade do passado para investir nas prioridades", alegou ele, lembrando que parte da verba represada já era vinculada.


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