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Acordo pode dar absolvição definitiva a Sarney e Virgílio
Petistas e governistas avaliam abrir processo contra os dois e depois arquivá-los
Senador Renan Calheiros não aceita a estratégia do PT de abrir processos e ontem mesmo reclamou com Lula; Sarney diz que vai resistir
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Senadores governistas costuraram ontem um acordo para
livrar tanto o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP),
como o líder do PSDB, Arthur
Virgílio (AM), de punições.
Enquanto a oposição decidia
baixar a temperatura da crise
no plenário, líderes governistas
e petistas buscavam uma saída
negociada, que passa, num primeiro momento, pela abertura
de processo no Conselho de
Ética contra Sarney e Virgílio.
Depois, os processos seriam arquivados definitivamente.
A ideia dividiu a base aliada.
O líder do PMDB, Renan Calheiros, não concorda com esse
procedimento, tanto que foi se
queixar dos petistas com o presidente Lula no final da noite.
O grupo de Renan acenou
com outra proposta: aceitava
arquivar o processo contra Virgílio desde que os 11 impetrados contra Sarney ficassem arquivados, como decidiu o presidente do Conselho de Ética,
Paulo Duque (PMDB-RJ).
Ontem, PSDB e DEM pediram o desarquivamento de
mais representações e denúncias contra Sarney. Hoje, Duque tem de anunciar sua decisão sobre se irá mandar abrir o
processo contra Virgílio. Ele
encomendou parecer pela investigação, mas até ontem à
noite ainda não havia decidido
se seguiria nessa linha. Tudo
dependerá do acordo: "Estou
numa situação delicada", disse.
O dia de ontem foi marcado
por gestos políticos dos dois lados. O mais emblemático veio
do senador Tasso Jereissati
(PSDB-CE), que subiu à tribuna para pedir desculpas pela
troca de insultos com Renan na
semana passada. "Foi um acontecimento deplorável. Eu queria publicamente dizer da minha insatisfação comigo mesmo, lamentar profundamente e
pedir desculpas aos meus pares
senadores e à população brasileira por ter me comportado de
uma maneira que não seria
adequada a um senador", disse.
Renan não apareceu no plenário para evitar o clima de
confronto, numa sessão que foi
presidida em parte por Sarney.
Tucanos e democratas avaliaram que a manutenção do
clima de guerra no plenário do
Senado não os beneficiava
mais, pois estava jogando a
imagem de todos na lata de lixo.
O PT adiou mais uma vez sua
decisão sobre os 11 processos
arquivados contra Sarney, mas
nos bastidores fazia a negociação que pode decidir pela reabertura de pelo menos um deles -o que trata da nomeação
do namorado de uma neta feita
por meio de ato secreto.
Os petistas diziam ser impossível manter o arquivamento
de todos os processos diante do
desgaste político, num ano véspera de campanha eleitoral pela renovação de seus mandatos.
O líder da bancada do PT,
Alozio Mercadante (SP), deve
liberar o voto dos três representantes do partido no Conselho, mas espera que todos votem a favor da abertura desse
processo. Ontem, os petistas
Marina Silva (AC) e Eduardo
Suplicy (SP) assinaram documento da oposição que pede a
saída de Sarney da presidência.
Já Sarney tentou se apoiar
em Lula: ao receber políticos do
Amapá, disse que o objetivo dos
que o atacam é atingir o petista:
"Estamos numa casa política;
pelo fato de minha luta ter algum peso na sucessão desencadeou-se essa crise para enfraquecer o presidente da República". E reafirmou: "Não posso
senão resistir e ser firme".
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