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Promotoria quer cooperação de países no caso Universal
Acusada de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, igreja se diz perseguida
Ministério Público suspeita que líderes da igreja podem ter exportado o suposto esquema de desvio de dinheiro para outros países
MARCIO AITH
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público de São
Paulo vai pedir a cooperação
internacional para investigar
os crimes de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha
supostamente praticados por
líderes da Igreja Universal do
Reino de Deus.
O pedido deverá compor a segunda fase da investigação dos
promotores paulistas contra
Edir Macedo, fundador da Igreja Universal, e outras nove pessoas ligadas à igreja, denunciadas na última segunda-feira à
Justiça de São Paulo.
A denúncia, aceita pelo juiz
Glaucio Roberto Brittes, da 9ª
Vara Criminal, resulta de uma
investigação que quebrou os sigilos bancário e fiscal da Universal e levantou o patrimônio
acumulado por seus membros
com dinheiro doado pelos fiéis,
entre 1999 e 2009.
Segundo dados da Receita
Federal, a Universal arrecada
cerca de R$ 1,4 bilhão por ano
em dízimos. Somando-se as
transferências atípicas e os depósitos bancários em espécie
feitos por pessoas ligadas à
Universal, o volume financeiro
da igreja entre 2001 e 2008 foi
de cerca de R$ 8 bilhões, segundo informações do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), órgão do Ministério da Fazenda que combate a lavagem de dinheiro.
A igreja diz que sofre perseguição do Ministério Público e
que as empresas apontadas pelos promotores como sendo de
fachada já foram fiscalizadas
pela Receita Federal e tiveram
suas contas aprovadas.
Conselho
A suposição do Ministério
Público é a de que a igreja exportou, para parte dos 172 países onde está presente, o mesmo mecanismo de financiamento e de desvio de dinheiro
de fiéis constatado no Brasil.
Promotores brasileiros já informaram autoridades dos Estados Unidos de que parte da
suposta lavagem de dinheiro da
Universal teria ocorrido em
território americano.
Remessas de dinheiro da Investholding, uma das empresas
supostamente de fachada usadas pela Universal, foram feitas
de agências do Banco Holandês
Unido, em Miami e Nova York.
A igreja é controlada por um
conselho formado por 30 bispos, dos quais 22 estão espalhados em países considerados estratégicos. Entre eles os Estados Unidos (onde foi fundada a
primeira igreja da Universal no
exterior, em 1980), Portugal,
Itália, França, Argentina, Rússia, Angola e Moçambique.
Além de Macedo, também
são réus no processo aberto pelo Ministério Público Honorilton Gonçalves, vice-presidente
da área artística da Record e
presidente de fato da emissora,
e o ex-deputado João Batista
Ramos, detido em 2005, no Aeroporto de Brasília transportando sete malas com aproximadamente R$ 10 milhões, em
uma aeronave Citation X, que
pertence à Universal.
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