São Paulo, quarta-feira, 12 de agosto de 2009

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Partidos receberam verba do Detran-RS, diz Procuradoria

Segundo denúncia, dinheiro desviado foi para caixa dois de siglas que apoiam Yeda

Governadora do RS nega que tivesse conhecimento de fraude no Detran; PSDB diz que todas as doações para Yeda foram registradas

GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
ESTELITA HASS CARAZZAI
DA AGÊNCIA FOLHA

O Ministério Público Federal no Rio Grande do Sul afirmou, na denúncia de improbidade administrativa contra a governadora Yeda Crusius (PSDB) e mais oito pessoas, que parte do dinheiro desviado do Detran bancou um caixa dois de partidos que apoiam a tucana na Assembleia Legislativa gaúcha.
Segundo os procuradores, o valor da propina era de R$ 450 mil mensais -R$ 175 mil para os "partidos", R$ 175 mil para o "governo" e R$ 100 mil divididos entre o deputado federal José Otávio Germano (PP, R$ 70 mil) e o presidente do TCE (Tribunal de Contas do Estado), João Luiz Vargas.
A partilha, segundo a denúncia, foi feita no segundo semestre de 2007, antes de a Polícia Federal deflagrar a Operação Rodin, que investigou desvios no Detran e prendeu 14 pessoas em novembro daquele ano.
Em 2007, após Yeda assumir o cargo, a fraude teria sido reestruturada, com mudanças nos comandos do Detran e das empresas pelas quais era escoado o dinheiro do órgão.
Os procuradores não detalharam quais partidos foram beneficiários do esquema, mas acusaram dois deputados estaduais -Frederico Antunes (PP) e Luiz Fernando Záchia (PMDB), que ocupou a chefia da Casa Civil gaúcha em 2007- como supostos destinatários do dinheiro dos "partidos".
PP e PMDB são as maiores siglas de sustentação da tucana na Assembleia, cada um com nove deputados.
Na parcela identificada como "governo", os procuradores afirmam que o dinheiro foi entregue a emissários de Yeda.
De acordo com a Procuradoria, a fraude no Detran começou em 2003, ainda no governo do peemedebista Germano Rigotto, e teria como idealizador o então secretário de Segurança, José Otávio Germano.
Mesmo após deixar a Secretaria de Segurança, à qual o Detran era vinculado, para se reeleger, Germano conseguiu indicar Flávio Vaz Netto, um correligionário do PP, para o órgão durante o governo Yeda.
Segundo a Procuradoria, a influência do deputado sobre o Detran foi mantida no governo tucano por meio da captação de R$ 400 mil com empresas fumageiras para um suposto caixa dois de Yeda no segundo turno da eleição de 2006.

Outro lado
A defesa de Yeda negou que ela tenha sido beneficiária de propina do Detran ou que tivesse conhecimento da fraude no órgão antes da Operação Rodin.
O advogado da governadora, Fábio Medina Osório, disse que as conversas telefônicas entre o ex-tucano Lair Ferst e o ex-assessor Marcelo Cavalcante, que sustentam a acusação da Procuradoria, foram "fabricadas".
José Otávio Germano negou ter recebido propina ou captado doações ilegais. A assessoria do deputado Luiz Fernando Záchia também também disse que ele nunca recebeu recursos ilícitos e que a acusação é fruto de "ilações".
A reportagem não conseguiu localizar João Luiz Vargas nem Frederico Antunes.
O PSDB-RS negou a existência de caixa dois na campanha de Yeda e disse que todas as doações foram contabilizadas.


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