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ROLO TRIBUTÁRIO
Ministro afirma que, por causa de mudanças na reforma, peça orçamentária terá de ser reformulada
Concessões atingem Orçamento, diz Guido
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Guido Mantega
(Planejamento) avaliou ontem
que o Orçamento de 2004 terá de
ser reformulado para contemplar
o impacto das concessões feitas
na reforma tributária. "Teremos
uma etapa pós-reforma tributária, porque na elaboração do Orçamento consideramos o projeto
original [sem as alterações introduzidas pelo Congresso]."
Das concessões já feitas a governadores e prefeitos, só o Fundo de
Desenvolvimento Regional consta do projeto original mencionado por Mantega. "Vamos reavaliar o Orçamento depois que a reforma estiver concluída", disse.
Próximo de concluir as votações da reforma tributária na Câmara, o governo quer dar por encerradas também as concessões
financeiras a Estados e municípios, que já considera perto do limite aceitável para seu equilíbrio
orçamentário a partir de 2004.
"O saco de bondades está esgotado", diz o deputado Paulo Bernardo (PT-PR), representante do
Planalto nas discussões com governadores, prefeitos e oposição.
"Diante do esforço fiscal que o governo do PT se propôs a fazer, a
idéia de distribuir dinheiro para
os entes federativos não faz o menor sentido", afirmou o ministro.
Numa conta simplificada, a
União já concordou em transferir
mais cerca de R$ 6 bilhões anuais
aos Estados e municípios, quase
igualmente distribuídos em três
propostas incluídas na reforma.
São elas: a criação do Fundo de
Desenvolvimento Regional, para
Estados e zonas mais pobres, a
elevação do fundo destinado a cobrir as perdas com o fim do ICMS
sobre as exportações e a partilha
de 25% da receita da Cide, contribuição cobrada desde 2002 sobre
a venda de combustíveis.
O relator da reforma tributária
na Câmara dos Deputados, o deputado Virgílio Guimarães (PT-MG), disse que não existe problemas com a proposta orçamentária para 2004 apresentada pelo
Planalto ao Congresso. "O Orçamento é corretíssimo", disse.
Virgílio afirmou que possíveis
"defeitos no Orçamento" são normalmente corrigidos quando da
sua votação no Congresso.
"Isso é natural. Se por ventura
[os fundos] não estiverem cobertos pelo Orçamento, o normal será utilizar uma receita adicional
por meio de um crédito suplementar. Senão, terá de se fazer um
remanejamento. Tira-se de um
local e fecha-se o buraco."
Negociador
O governo age como negociador ao chamar a atenção para as
próprias dificuldades financeiras.
O objetivo é desencorajar novas e
esperadas demandas estaduais e
municipais por mais recursos.
A reforma traz duas vantagens
imediatas para a arrecadação federal: a primeira é a prorrogação
da CPMF com alíquota de 0,38% e
seus R$ 24 bilhões anuais; a outra,
a cobrança de contribuições sociais sobre produtos importados,
com receita estimada de R$ 4,5 bilhões somente no ano que vem.
Calcula-se no governo que o Senado poderá aprovar rapidamente essas medidas e outras menos
polêmicas, além dos pontos já negociados com governadores e
prefeitos. O restante da reforma,
incluindo as modificações mais
profundas no ICMS, deverá continuar tramitando por mais tempo.
Confirmado esse cenário, o Planalto poderá restringir as concessões aos Estados e municípios
-ou limitá-las a negociações localizadas, extra-reforma, sem impacto permanente nas contas da
União. Pode-se, por exemplo,
atender a uma reivindicação específica de um governador ou
criar regras mais favoráveis para
as prefeituras.
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