São Paulo, domingo, 12 de setembro de 2004

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Para economista, PT enfrenta dificuldades

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O secretário de Comunicação do PT, o economista Marcelo Sereno, afirma que o PT terá "um milhão de dificuldades" na reta final da campanha das eleições municipais. Mesmo diante de um orçamento anual petista próximo dos R$ 45 milhões, Sereno sustenta que o partido, "com uma ou outra exceção", tem uma campanha "pobre" nas ruas.
Uma das exceções, de acordo com Sereno, é a campanha de reeleição de Marta Suplicy à Prefeitura de São Paulo. Ele justifica: "As cidades em que o PT está no governo são as que têm as situações financeiras mais tranqüilas, porque estabeleceu uma relação com essa parte da sociedade que contribui mais em campanha".
Segundo Sereno, as dificuldades estão nos municípios em que o PT não administra. "Onde o PT não está [no governo], depende da capacidade do partido localmente, inserção junto à sociedade local, para o pessoal conseguir recursos para tocar ou não a campanha."
Sereno, em maio passado, foi exonerado a pedido do Palácio do Planalto, onde atuava como assessor especial do ministro José Dirceu (Casa Civil). Na prática, tratava diretamente das distribuições de cargos e nomeações partidárias no governo federal, principalmente às ligadas ao PMDB.
Sobre o orçamento do PT, Sereno disse: "É um partido com despesas muito grandes. O que se falou nos jornais sobre a receita do partido não corresponde à realidade. Se você falar com o Delúbio [Soares, tesoureiro do partido], vai verificar que o orçamento do partido está comprometido com funcionários, com sedes, com internet, com jornal e um monte de outras coisas. O orçamento do partido não é para eleição".
Sobre o uso de programas da Prefeitura de São Paulo em outras campanhas petistas, o secretário de Comunicação do PT afirma tratar-se de uma "tradição" do partido. "Há uma tradição do partido de ter um modo petista de governar, uma série de propostas comuns a várias cidades nas quais trabalhamos. Foi assim com o Orçamento Participativo, que foi uma proposta nossa, foi assim com o Bolsa-Família, que era Bolsa-Escola, foi assim com algumas propostas encaminhadas por nós em cidades como Porto Alegre, São Paulo e Belo Horizonte."
"O fato é que o governo da Marta, na nossa avaliação, é um bom governo, e essas propostas são propostas inovadoras. O bilhete único no mundo não é uma novidade, mas no Brasil é", argumenta o secretário de Comunicação.
Mesmo ações menos conhecidas da prefeitura paulistana, como a restauração do mercado municipal, estão sendo usadas nos programas de outras capitais, como no caso de João Pessoa (PB). No programa do petista Ângelo Vanhoni, em Curitiba (PR), está prevista a entrega de uniformes escolares para as crianças da cidade, assim como fez Marta.
Já Porto Alegre, governada pelo PT há 16 anos, não usa a imagem de Marta: "Estamos há 16 anos no poder. Temos nossa própria experiência como modelo", diz José Clóvis de Azevedo. (JD E EDS)



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