São Paulo, domingo, 12 de setembro de 2004

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CASO BANESTADO

Procuradores denunciam 62 ex-dirigentes

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Os procuradores da República que investigam operações ilegais no Banestado (Banco do Estado do Paraná) denunciaram à Justiça Federal 62 ex-dirigentes e ex-integrantes do conselho de administração do banco.
As denúncias são por crimes contra o sistema financeiro, sob acusação de empréstimos a 107 empresas sem lastro financeiro para saldar suas dívidas.
Entre os denunciados, há cinco ex-presidentes do banco e três ex-secretários da Fazenda.
As operações sustentam 48 ações por suposta gestão fraudulenta realizadas entre 1991 a 1999 -período que abrange o primeiro governo de Roberto Requião (PMDB) no Paraná e nas duas administrações de Jaime Lerner (ex-PFL, hoje PSB).
O Banestado precisou de socorro financeiro de R$ 5 bilhões do governo federal para ser saneado e vendido para o Itaú, em 2000. Empréstimos sem garantia de retorno, de acordo com os procuradores da República, foram uma das causas da crise financeira que acometeu o banco.
A acusação formal à Justiça Federal aponta os 62 diretores como os responsáveis pela aprovação de operações irregulares.
As empresas que estão envolvidas ainda não foram denunciadas pelos procuradores. Também não há um valor estimado para o volume de empréstimos que foi feito sem retorno.
A denúncia foi feita na sexta-feira da semana passada. A Justiça Federal ainda não se manifestou sobre o caso.
De acordo com o Ministério Público Federal, a acusação está sustentada em 149 volumes de documentos que foram encaminhados pelo Banco Central.
O BC já move centenas de processos administrativos contra ex-dirigentes e ex-funcionários do Banestado.

CC5
Os procuradores dessa denúncia no caso são os mesmos que compõem a força-tarefa que atua para incriminar integrantes do esquema de evasão de dinheiro por meio de contas CC5 (de residentes fora do Brasil).
Não há, porém, relação direta do caso de agora com as operações que teriam movimentado até US$ 30 bilhões na agência do Banestado de Nova York.
Ainda assim, alguns dos dirigentes que foram denunciados agora já possuem condenação de primeira instância no caso das contas CC5.
Uma condenação por gestão fraudulenta pode representar pena de três a 12 anos de reclusão.
Um dos secretários da Fazenda que foram denunciados é o atual presidente do clube de futebol Coritiba, Giovani Gionédis.
Ele foi acusado de presidir o conselho de administração do Banestado na primeira gestão de Lerner.
Gionédis afirmou à Agência Folha que ele e os demais conselheiros denunciados já foram absolvidos nos processos administrativos do BC.
"Estão me envolvendo agora de graça", disse ele.


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