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JANIO DE FREITAS
O horror
As quase 3.000 vítimas do horror em Nova York mereciam ser reconhecidas por seu legado humanitário
NENHUMA CELEBRAÇÃO e
nenhuma expressão de
patriotismo, sincera ou política, pode escamotear o fato de que,
nos cinco anos desde o ataque às
torres em Nova York, os Estados
Unidos pioraram como jamais em
sua história.
As liberdades democráticas, de
que deram notáveis exemplos a partir das batalhas para encerrar, nas
décadas de 50 e 60, seus mais de
quatro séculos de segregação racial,
estão hoje negadas, em vários dos
alicerces, por duas forças deletérias.
Uma, composta pelas práticas ilegais do agigantado aparelho repressivo, que só agora um ou outro juiz
ousa condenar, como há pouco em
relação a milhões de escutas telefô
nicas sem autorização judicial. A outra, o retraimento dos meios de comunicação, em grande parte espontâneo, ao seu histórico papel na sociedade, frente aos Poderes, em nome da Constituição fundadora dos
Estados Unidos.
As tragédias pessoais concentraram a comoção pelo ataque às torres, mas, em outro plano, é ainda
mais triste a incapacidade dos Estados Unidos de perceber a noção
grandiosa que o horror daquele dia
lhe ofereceu. Ali estava, naquela nuvem de pó e fumaça, de detritos de
ferro e de carne, que invadia em ondas gigantes as ruas, os prédios, as
pessoas, ali estava naqueles prédios
que caíam sobre uma multidão de
vidas a demonstração, pequena demonstração, do horror que o poder
dos Estados Unidos tem lançado sobre tantas cidades e suas populações
tão inocentes, no mínimo, quanto as
vítimas do 11 de setembro. Mas os
americanos não perceberam.
As quase 3.000 vítimas do horror
em Nova York mereciam ser reconhecidas por seu legado humanitário. Apenas foram usadas, no entanto, como pretexto para a reprodução
do seu horror em milhares de vidas
de um país distante.
Procura-se
Em comício na cidade pernambucana de Caruaru, Lula fez forte defesa do
seu ex-ministro da Saúde, Humberto
Costa. Agora candidato do PT ao governo estadual, Costa está submetido
a investigação por possível ocorrência
de liberações, durante sua gestão, para
negócios com ambulâncias pelos sanguessugas. Para ser definitiva contra
dúvidas, a defesa de Lula culminou
com esta frase, dedo apontado para
Humberto Costa: "Foi este companheiro que mandou uma carta pedindo para a Polícia Federal investigar o
sanguessuga".
Seria interessante se, tendo falado
como candidato e como presidente da
República, Lula comprovasse a lisura
de sua afirmação com alguma prova,
qualquer prova, da existência de tal
carta contra os sanguessugas.
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