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CNJ pode proibir viagens de juízes com despesas pagas
Para 2 conselheiros, congressos com transporte e hospedagem paga violam Constituição
Pedido foi encaminhado a Ellen Gracie depois que a Folha revelou que juízes passaram feriado em hotel na BA às custas da Febraban
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A pedido de dois conselheiros, o CNJ (Conselho Nacional
de Justiça) vai discutir se aprova resolução proibindo juízes
de viajar para participar de
congressos com despesas de
hospedagem e transporte pagas
por entidades que tenham interesse em causas judiciais.
O advogado Paulo Lôbo e o
procurador regional da República Eduardo Lorenzoni fizeram essa proposta após publicação ontem na Folha de reportagem sobre um congresso
de juízes em um hotel na Ilha
de Comandatuba (BA) promovido pela Febraban (Federação
Brasileira de Bancos).
Um dos participantes do seminário foi o ministro do STJ
(Superior Tribunal de Justiça)
Pádua Ribeiro, que é o corregedor do CNJ, responsável pelos
processos disciplinares contra
outros magistrados.
Além dele, estavam presentes outros 15 ministros do STJ
(dois aposentados) e 31 desembargadores de sete Estados.
"A participação de magistrados em eventos, com pagamento de passagens e diárias em
hotéis de luxo, para fins de convencê-los de razões de interesses econômicos submetidos à
jurisdição dos tribunais, desprestigia a independência do
Poder Judiciário, que é garantia dos cidadãos em geral", disseram Lôbo e Lorenzoni no pedido à presidente do CNJ,
Ellen Gracie Northfleet.
Eles argumentam que os magistrados que aceitam convite
violam norma da Constituição
que os proíbe de "receber, a
qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas
ou privadas".
O CNJ deverá designar um
relator para preparar um voto
sobre a proibição e, se for o caso, submeter a resolução à
aprovação dos 15 conselheiros.
Convite
Pádua Ribeiro disse que viajou a trabalho, não a passeio.
Afirmou que foi ao seminário
para fazer palestra sobre o tema "A importância do CNJ na
implantação de uma nova ordem judiciária no Brasil".
O ministro do STJ João Otávio de Noronha, que convidou
colegas para o congresso, disse
que a presença de magistrados
em um evento dessa natureza é
democrática. Ele afirmou que
esse tipo de encontro não altera
o entendimento dos magistrados sobre os temas debatidos.
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