São Paulo, quarta-feira, 12 de setembro de 2007

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Suplicy e Mercadante se recusam a revelar voto sobre a cassação

8 dos 12 senadores do PT se negam a anunciar sua opção, o que pode transformar o partido no "fiel da balança" hoje

No total, 29 parlamentares ouvidos pela Folha se escudam no sigilo da votação e não dizem o que vão fazer no plenário

FERNANDA KRAKOVICS
MARIA LUIZA RABELLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na véspera da votação que vai definir o futuro do presidente do Senado, Renan Calheiros, 41 senadores declararam à Folha que votarão pela cassação hoje. Para que a perda do mandato ocorra é preciso o voto de no mínimo 41 dos 81 senadores -maioria absoluta, independentemente do quórum. No entanto, como o voto é secreto, são esperadas traições e mudanças de lado a lado.
Amparados no sigilo do voto, 29 senadores (35% da Casa) se recusaram a revelar como pretendem se posicionar.
O PT, que sempre defendeu o voto aberto, tem o maior número de senadores que não revelam a decisão -8 dos 12 petistas na Casa. "A gente não pode prejulgar, tem que ouvir a defesa até o final", disse Aloizio Mercadante (PT-SP).
Além dele, não declararam seus votos os petistas Delcídio Amaral (MS), Eduardo Suplicy (SP), Fátima Cleide (RO), Ideli Salvatti (SC), Serys Slhessarenko (MS), Sibá Machado (AC) e Tião Viana (AC).
Na enquete, apenas dez senadores saíram em defesa aberta do presidente do Senado, afirmando que votarão contra o pedido de cassação.
Além da votação ser secreta, a sessão será realizada a portas fechadas. A reunião está marcada para começar às 11h.

Suplicy e Planalto
Após ter votado pela cassação em votação aberta no Conselho de Ética, Suplicy afirmou que pode mudar de opinião se Renan esclarecer suas dúvidas no último momento. O conselho aprovou, por 11 a 4, o pedido de perda do mandato.
Apesar de o Palácio do Planalto preferir a permanência de Renan no cargo, a líder do PT, Ideli Salvatti, liberou a bancada. Ela negou, no entanto, que isso signifique abandono do aliado. "O papel de líder não me dá o direito de dizer como alguém vai julgar", disse ela.
Quatro petistas declararam que votarão pela cassação: Augusto Botelho (RR), Flávio Arns (PR), João Pedro (AM) e Paulo Paim (RS).
A intenção do Planalto é evitar a abertura de uma disputa pela presidência do Senado, já que o governo tem uma pequena margem de segurança na Casa e não possui um candidato forte. Assim, haveria o risco de o cargo ser ocupado por um governista independente ou por um membro da oposição.
Aliado de Renan, o líder do PMDB, Valdir Raupp (RO), também não orientou a votação em sua bancada. Ele afirmou que isso seria inócuo porque a votação é secreta e os senadores já estavam com suas decisões cristalizadas.
O senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) ligou ontem para Renan e informou que votará pela cassação. Ele é aliado do líder do DEM, José Agripino (RN), no Estado. A oposição orientou suas bancadas a votar pela perda do mandato.
Além de Garibaldi, 4 dos 19 senadores do PMDB declararam que votarão pela cassação do correligionário.
A oposição está confiante que o pedido de cassação será aprovado. Aliados de Renan, no entanto, apostam nas traições.


Colaboraram a Agência Folha e a Reportagem Local

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