São Paulo, quarta-feira, 12 de setembro de 2007

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Lula diz que caso Renan termina hoje no Senado

Em visita à Suécia, presidente desconsidera os outros processos contra o senador

Lula ressaltou também que decisão do Senado não impede que o Ministério Público abra processo, ou que o caso vá ao Supremo

LETÍCIA SANDER
ENVIADA ESPECIAL A ESTOCOLMO

Na véspera da votação que decidirá o futuro político de Renan Calheiros (PMDB-AL), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva minimizou ontem eventuais problemas para o governo caso o senador permaneça no comando do Congresso.
Em Estocolmo, segunda etapa de um giro que o levará ainda a dois outros países nórdicos e à Espanha, Lula disse que o "momento do Senado" no caso Renan acaba hoje, dia em que o plenário vota processo de cassação contra o peemedebista, e que o veredicto deve ser acatado, "qualquer que seja ele".
"Eu não posso acreditar numa moeda de uma única face. Quer dizer que se absolver o Renan vai ter problema e se condenar não tem problema?", questionou, em uma breve coletiva de imprensa.
Lula tentou amenizar os reflexos da decisão de hoje sobre o Palácio do Planalto, sobretudo em termos de votação de interesse do governo no Congresso. Sua posição, ao menos publicamente, também mostrou-se contrária a interpretações tanto de aliados quanto de oposicionistas, de que mesmo absolvido, Renan pode não ter força política para continuar dirigindo a Casa porque teria dificuldades em pôr fim à crise. O senador enfrentará pela frente outros três processos por quebra de decoro - ontem, Lula não mencionou o fato.
Apesar da defesa pública ao aliado do PMDB, nos bastidores o Planalto dá sinais de que teme reflexos das investigações sobre Renan na votação sobre a CPMF, o imposto do cheque. A prorrogação, que garante quase R$ 40 bilhões anuais, é tida como vital para o governo.
Renan é acusado de ter despesas pessoais pagas pelo lobista, seu amigo Cláudio Gontijo, da Mendes Júnior. É a respeito desta denúncia que o plenário do Senado deliberará hoje.
Embora tenha ressaltado que o desfecho de hoje deve ser visto como uma "decisão soberana de uma instituição brasileira chamada Senado Federal", Lula ressaltou que isso não impede que o Ministério Público abra processo, ou que o caso vá ao Supremo Tribunal Federal.
"Estou dizendo é que o momento do Senado termina amanhã [hoje]. E na hora que terminar -e diga-se de passagem que temos votado muita coisa no Senado-, terminado amanhã [hoje], tem uma pauta para o Senado votar e vamos continuar trabalhando", afirmou.
Lula disse não ver "nenhum problema", "nenhum trauma" no caso. Ele evitou se comprometer quando questionado qual seria o melhor cenário para o Planalto -Renan ficar ou permanecer no cargo. "Para o governo, melhor é que a decisão da instituição seja respeitada, qualquer que seja ela."


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