São Paulo, quarta-feira, 12 de setembro de 2007

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Advogado acusa senador de beneficiar o BMG

LEONARDO SOUZA
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O advogado Bruno de Miranda Lins disse que os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Romero Jucá (PMDB-RR) decidiram retirar Amir Lando e Carlos Bezerra do Ministério da Previdência e do INSS porque eles não estavam "correspondendo às expectativas".
Bruno disse que Renan passou "a dar as cartas" no partido após assumir a Presidência do Senado e reafirmou que seu ex-sogro, o empresário Luiz Carlos Garcia Coelho, operava um esquema de desvio e lavagem de dinheiro público para políticos do PMDB. As declarações foram dadas por Bruno em depoimento à Polícia Federal.
Segundo Bruno, o objetivo de Renan e Jucá era beneficiar o BMG nas operações de crédito consignado para aposentados e pensionistas do INSS. Jucá assumiu a Previdência em março de 2005, um mês após Renan ter sido eleito presidente do Senado. Ele substituiu Lando, então senador pelo PMDB-RO, e demitiu Bezerra (PMDB-MT) do INSS. Bruno disse que levou seu ex-sogro para diversas reuniões no Senado das quais também participavam banqueiros e que presenciou uma delas, no gabinete de Jucá. Na ocasião, disse ele, estava o presidente do BMG, Ricardo Guimarães.
"Que o banqueiro ao qual se refere é o presidente do BMG, Ricardo Guimarães; que as reuniões eram para tratar de um sistema de crédito consignado em folha [...]; que Carlos Bezerra [...] não estava correspondendo às expectativas; que, então, quem começou a dar as cartas foi Renan Calheiros", disse Bruno, num dos dois depoimentos prestados à PF. Jucá disse que conhece e recebeu Garcia Coelho e Guimarães em seu gabinete, mas em situações separadas. Ele negou que tenha ocorrido o tal encontro.
"Conheço o Ricardo Guimarães, como também conheço dirigentes de bancos e banqueiros. Mas esse encontro em meu gabinete, com a presença do senhor Luiz Carlos Garcia Coelho, não existiu", disse.
A primeira vez que Bruno fez uma denúncia sobre o caso foi em setembro do ano passado, à Polícia Civil do Distrito Federal. À PF ele forneceu mais detalhes. No caso do BMG, deu nomes e telefones de pessoas com as quais teria tido contato no banco, por ordem de seu ex-sogro, para sacar dinheiro.
Entre elas uma secretária da presidência da instituição. A Folha ligou para o número citado por ele e confirmou que a secretária de fato trabalha lá. Ele informou também o número de uma agência do BMG em Brasília e o celular de um motorista com o qual teria pego R$ 300 mil em Belo Horizonte. O telefone está em nome de um correspondente bancário do BMG, mas a reportagem não conseguiu falar com ninguém. Já o celular estava fora de área.
Por meio de sua assessoria, o BMG disse que não se manifestaria sobre o assunto enquanto não tomasse conhecimento oficial do depoimento de Bruno. Eduardo Ferrão, advogado de Renan, não atendeu a ligação nem respondeu a recado deixado na caixa postal do celular.
Em defesa de Coelho, o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro disse que as afirmações de Bruno Lins de que seu cliente teria influência sobre lideranças como Renan e Jucá são "totalmente absurdas".
Bezerra não quis comentar o assunto ontem. Na semana passada, ele negou as acusações e disse que irá processar Bruno.


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