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Advogado acusa senador de beneficiar o BMG
LEONARDO SOUZA
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O advogado Bruno de Miranda Lins disse que os senadores
Renan Calheiros (PMDB-AL) e
Romero Jucá (PMDB-RR) decidiram retirar Amir Lando e
Carlos Bezerra do Ministério
da Previdência e do INSS porque eles não estavam "correspondendo às expectativas".
Bruno disse que Renan passou "a dar as cartas" no partido
após assumir a Presidência do
Senado e reafirmou que seu ex-sogro, o empresário Luiz Carlos Garcia Coelho, operava um
esquema de desvio e lavagem
de dinheiro público para políticos do PMDB. As declarações
foram dadas por Bruno em depoimento à Polícia Federal.
Segundo Bruno, o objetivo de
Renan e Jucá era beneficiar o
BMG nas operações de crédito
consignado para aposentados e
pensionistas do INSS. Jucá assumiu a Previdência em março
de 2005, um mês após Renan
ter sido eleito presidente do Senado. Ele substituiu Lando, então senador pelo PMDB-RO, e
demitiu Bezerra (PMDB-MT)
do INSS. Bruno disse que levou
seu ex-sogro para diversas reuniões no Senado das quais também participavam banqueiros
e que presenciou uma delas, no
gabinete de Jucá. Na ocasião,
disse ele, estava o presidente do
BMG, Ricardo Guimarães.
"Que o banqueiro ao qual se
refere é o presidente do BMG,
Ricardo Guimarães; que as reuniões eram para tratar de um
sistema de crédito consignado
em folha [...]; que Carlos Bezerra [...] não estava correspondendo às expectativas; que, então, quem começou a dar as
cartas foi Renan Calheiros",
disse Bruno, num dos dois depoimentos prestados à PF. Jucá disse que conhece e recebeu
Garcia Coelho e Guimarães em
seu gabinete, mas em situações
separadas. Ele negou que tenha
ocorrido o tal encontro.
"Conheço o Ricardo Guimarães, como também conheço
dirigentes de bancos e banqueiros. Mas esse encontro em meu
gabinete, com a presença do senhor Luiz Carlos Garcia Coelho, não existiu", disse.
A primeira vez que Bruno fez
uma denúncia sobre o caso foi
em setembro do ano passado, à
Polícia Civil do Distrito Federal. À PF ele forneceu mais detalhes. No caso do BMG, deu
nomes e telefones de pessoas
com as quais teria tido contato
no banco, por ordem de seu ex-sogro, para sacar dinheiro.
Entre elas uma secretária da
presidência da instituição. A
Folha ligou para o número citado por ele e confirmou que a
secretária de fato trabalha lá.
Ele informou também o número de uma agência do BMG em
Brasília e o celular de um motorista com o qual teria pego R$
300 mil em Belo Horizonte. O
telefone está em nome de um
correspondente bancário do
BMG, mas a reportagem não
conseguiu falar com ninguém.
Já o celular estava fora de área.
Por meio de sua assessoria, o
BMG disse que não se manifestaria sobre o assunto enquanto
não tomasse conhecimento oficial do depoimento de Bruno.
Eduardo Ferrão, advogado de
Renan, não atendeu a ligação
nem respondeu a recado deixado na caixa postal do celular.
Em defesa de Coelho, o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro disse que as afirmações de Bruno Lins de que seu
cliente teria influência sobre lideranças como Renan e Jucá
são "totalmente absurdas".
Bezerra não quis comentar o
assunto ontem. Na semana
passada, ele negou as acusações
e disse que irá processar Bruno.
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