São Paulo, quarta-feira, 12 de setembro de 2007

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Agência entra com recurso para anular licitação dos Correios

Outras seis empresas também recorreram da alteração do primeiro resultado da concorrência divulgado pela estatal

Não há prazo para avaliar os novos recursos; presidente da comissão de licitação da ECT vê dificuldades para anular o processo

RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Sete agências de publicidade recorreram da decisão dos Correios que alterou resultado das notas técnicas da licitação para a publicidade da estatal, estimada em R$ 90 milhões anuais. A agência Giovanni, FCB, que detém hoje parte da conta da estatal, requereu a anulação do processo licitatório, caso o recurso não seja acolhido.
A licitação compreende três lotes. No primeiro resultado, em julho, lideravam as agências 3P, do ex-marqueteiro de campanhas do PSDB Nizan Guanaes, a Nova S/B, do ex-secretário de Comunicação na gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) Roberto Vieira da Costa, e a DeBrito Propaganda.
Um mês depois, a partir da análise de recursos de diversas empresas, os Correios mudaram todo o resultado, declarando líderes as empresas Artplan, Propeg e Casablanca -a última realizou em 2002 a campanha ao Senado do atual ministro das Comunicações, Hélio Costa, pasta que controla a estatal. O ministro negou interferência política na disputa.
Os Correios não têm um prazo específico para avaliar os novos recursos, mas o presidente da comissão especial de licitação deu a entender ontem, em entrevista à Folha, que a disputa não será anulada.
"O desfazimento de um processo licitatório, conforme prevê a lei, é por ilegalidade ou por conveniência/oportunidade, e isso tem que estar demonstrado. Porque tem o interesse subjetivo dos licitantes [empresas] que estão participando da licitação. A administração não tem, digamos assim, o arbítrio de, por si só, sem justificativa que atenda o interesse público, desfazer a licitação. Não é algo que eu esteja brincando de fazer. E o interesse daquele que está participando, e o dispêndio que já teve com aquela licitação, como é que fica?", disse o presidente da comissão, Júlio Cézar Chaurais. Ele não confirmou se a ordem da classificação será novamente alterada: "Não vou dizer nem que sim nem que não. Tudo é possível".

Formalismo
A agência Giovanni alegou, no recurso, que o alto índice de desclassificações das propostas apresentadas deveu-se a um "excesso de formalismo".
"Causa estranheza o fato de que, em uma licitação que deve prezar pela proposta mais vantajosa, as cinco melhores propostas tenham sido simplesmente desclassificadas por motivos eminentemente de interpretação formalista do edital", escreveu a agência, no recurso.
"Do total de 24 [empresas] licitantes inicialmente habilitadas, restam hoje apenas quatro (cerca de 84% das propostas foram desclassificadas), podendo chegar a apenas duas, se confirmadas pela comissão as irregularidades apontadas adiantes neste recurso", afirmou a Giovanni, sobre um dos lotes.
A Nova S/B, desbancada do primeiro lugar no lote número um, apontou supostos "vícios" e "infringências ao edital" nas propostas técnicas das concorrentes e afirmou: "A persistir a desclassificação da ora recorrente e a classificação das licitantes ora mencionadas, estar-se-á fazendo tábula rasa dos princípios da vinculação ao edital e do julgamento objetivo, logo, às últimas, do princípio da legalidade e da isonomia".


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