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Agência entra com recurso para anular licitação dos Correios
Outras seis empresas também recorreram da alteração do primeiro resultado da concorrência divulgado pela estatal
Não há prazo para avaliar os novos recursos; presidente da comissão de licitação
da ECT vê dificuldades
para anular o processo
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Sete agências de publicidade
recorreram da decisão dos Correios que alterou resultado das
notas técnicas da licitação para
a publicidade da estatal, estimada em R$ 90 milhões anuais.
A agência Giovanni, FCB, que
detém hoje parte da conta da
estatal, requereu a anulação do
processo licitatório, caso o recurso não seja acolhido.
A licitação compreende três
lotes. No primeiro resultado,
em julho, lideravam as agências
3P, do ex-marqueteiro de campanhas do PSDB Nizan Guanaes, a Nova S/B, do ex-secretário de Comunicação na gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) Roberto Vieira da
Costa, e a DeBrito Propaganda.
Um mês depois, a partir da
análise de recursos de diversas
empresas, os Correios mudaram todo o resultado, declarando líderes as empresas Artplan,
Propeg e Casablanca -a última
realizou em 2002 a campanha
ao Senado do atual ministro
das Comunicações, Hélio Costa, pasta que controla a estatal.
O ministro negou interferência
política na disputa.
Os Correios não têm um prazo específico para avaliar os novos recursos, mas o presidente
da comissão especial de licitação deu a entender ontem, em
entrevista à Folha, que a disputa não será anulada.
"O desfazimento de um processo licitatório, conforme prevê a lei, é por ilegalidade ou por
conveniência/oportunidade, e
isso tem que estar demonstrado. Porque tem o interesse subjetivo dos licitantes [empresas]
que estão participando da licitação. A administração não
tem, digamos assim, o arbítrio
de, por si só, sem justificativa
que atenda o interesse público,
desfazer a licitação. Não é algo
que eu esteja brincando de fazer. E o interesse daquele que
está participando, e o dispêndio que já teve com aquela licitação, como é que fica?", disse o
presidente da comissão, Júlio
Cézar Chaurais. Ele não confirmou se a ordem da classificação será novamente alterada:
"Não vou dizer nem que sim
nem que não. Tudo é possível".
Formalismo
A agência Giovanni alegou,
no recurso, que o alto índice de
desclassificações das propostas
apresentadas deveu-se a um
"excesso de formalismo".
"Causa estranheza o fato de
que, em uma licitação que deve
prezar pela proposta mais vantajosa, as cinco melhores propostas tenham sido simplesmente desclassificadas por motivos eminentemente de interpretação formalista do edital",
escreveu a agência, no recurso.
"Do total de 24 [empresas] licitantes inicialmente habilitadas, restam hoje apenas quatro
(cerca de 84% das propostas foram desclassificadas), podendo
chegar a apenas duas, se confirmadas pela comissão as irregularidades apontadas adiantes
neste recurso", afirmou a Giovanni, sobre um dos lotes.
A Nova S/B, desbancada do
primeiro lugar no lote número
um, apontou supostos "vícios"
e "infringências ao edital" nas
propostas técnicas das concorrentes e afirmou: "A persistir a
desclassificação da ora recorrente e a classificação das licitantes ora mencionadas, estar-se-á fazendo tábula rasa dos
princípios da vinculação ao edital e do julgamento objetivo, logo, às últimas, do princípio da
legalidade e da isonomia".
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