São Paulo, sexta-feira, 12 de setembro de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Com todo o gás

Enquanto o noticiário debatia ontem o risco de desabastecimento em razão da crise na Bolívia, Lula tratava do assunto gás, em reunião com governadores da Amazônia, sob outro prisma. Esboçou ali um plano para reduzir drasticamente o preço do gás de cozinha. Quer que o botijão de 13 kg, hoje variando entre R$ 30 e R$ 40 a depender do Estado, custe no máximo R$ 10.
Para tanto, pediu aos presentes que reduzam o ICMS sobre o produto. Prometeu isenções federais e ajuda da Petrobras. Disse que inicialmente pensou em reduzir o preço apenas para os beneficiados pelo Bolsa Família, mas depois considerou a idéia injusta. "Reduzir para todos é melhor", afirmou.



Mãos atadas 1. A avaliação dominante no governo é que, no momento, não há muito a fazer em relação à Bolívia além de pedir calma.

Mãos atadas 2. Lula chegou a pensar num pacote de ajuda a Evo Morales, mas deixou a idéia de lado por temer que ela fosse considerada ingerência no país vizinho.

Obstáculo. Aprovado anteontem no Senado, o projeto que endurece a punição para grampos clandestinos não terá trânsito fácil na Câmara. O presidente da Comissão e Constituição e Justiça, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pretende reduzir o prazo máximo de escuta de 360 para 60 dias, conforme estabelecido em outro projeto que tramita na Casa. Se modificado, o projeto terá de voltar ao Senado.

No peito. No entender de parlamentares que investigam os grampos, o araponga Francisco Ambrósio já aceitou ser "delubizado", assumindo a culpa pelas transgressões cometidas nas escutas. A senha seria o encontro que teve na semana passada com Paulo Fortunato, diretor afastado da Abin.

Comigo não. Mas o delegado Protógenes Queiroz, outro candidato a Delúbio, pode se rebelar. Existe por aí, pronto para vazar, um grampo em que o ministro Nelson Jobim (Defesa) discute com um advogado o primeiro habeas corpus de Daniel Dantas.

Especialista. Sob intenso tiroteio devido à Operação Satiagraha, o juiz Fausto De Sanctis foi indicado pelo Coaf, órgão ligado ao Ministério da Fazenda, para ser o representante brasileiro em curso promovido pelo Grupo de Ação Financeira da América do Sul contra a Lavagem de Dinheiro. O evento começa no próximo dia 29 em Buenos Aires.

Submersão. Embora considere "frágil" a denúncia que lhe fez o Ministério Público Federal a propósito do escândalo dos Correios, Roberto Jefferson admite que ela veio "num momento ruim", em plena campanha eleitoral. O presidente do PTB cancelou as agendas com os candidatos da sigla. "Não posso impor esse peso aos outros. Vou ficar quieto para depois agir."

Sob nova direção 1. As diretrizes estabelecidas para a nova propaganda de Geraldo Alckmin (PSDB) são: mostrar o candidato "como gestor" e enfatizar seu "sonho de ser prefeito". O diagnóstico é que o eleitor ainda o identifica "mais como governador".

Sob nova direção 2. Já com o dedo do novo marqueteiro, Raul Cruz Lima, a campanha de Alckmin estréia hoje três novas inserções de TV.

Estilo Soninha. Alckmin escalou a mulher, Lu, e a filha, Sophia, para um passeio ciclístico, com carro de som, até o Ibirapuera no domingo.

Diga xis. Com o PIB a toda, até Guido Mantega foi parar no horário eleitoral. O programa de José Priante (PMDB) em Belém exibe imagem do candidato em reunião com o ministro da Fazenda.

Visita à Folha. José Serra (PSDB), governador de São Paulo, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava com Júnia Nogueira de Sá, assessora de imprensa.

com FÁBIO ZANINI e SILVIO NAVARRO



Tiroteio

"Pelo jeito, Lula vai ter que continuar criticando a seleção. E que ninguém deixe ele falar mal da oposição até outubro!"
Do deputado MAURÍCIO RANDS (PT-PE), comparando o desempenho pífio do Brasil contra a Bolívia, precedido de elogios de Lula ao time, e a vitória sobre o Chile, vinda após crítica do presidente aos jogadores.



Contraponto

Gerência de crises

Em fase de má sorte, Geraldo Alckmin tem contado uma história na qual "um rato era perseguido por um gato, quando se viu encurralado". "Aflito", descreve o candidato, "o rato começou a latir, e imediatamente o gato fugiu em disparada". Dias atrás, quando o tucano repetia essa curta e enigmática narrativa pela enésima vez numa roda de aliados, um deles resolveu perguntar:
-Mas qual é a moral da história?
E Alckmin concluiu, para espanto geral:
-Moral da história: Viu como é importante aprender uma segunda língua?


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