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ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO
Rivais "disputam" Marta em debate frio
Alvo preferencial de Alckmin e Kassab, petista trocou críticas nas áreas de saúde, trânsito e segurança até com nanicos
Democrata deixa ataque a tucano para último bloco, quando não podia ser contestado; audiência média foi de 4,1 pontos
DA REPORTAGEM LOCAL
EM SÃO PAULO
Em um enfrentamento "engessado" e com poucos momentos de tensão, a petista
Marta Suplicy, que lidera as
pesquisas de intenção de voto à
Prefeitura de São Paulo, foi o alvo preferencial no debate de
ontem à noite da Band.
Em temas como saúde, trânsito, contas públicas e segurança, ela trocou ataques com Geraldo Alckmin (PSDB), Gilberto Kassab (DEM), seus principais adversários, mas também
com Paulo Maluf (PP) e os "nanicos" Ciro Moura (PTC) e
Ivan Valente (PSOL).
O encontro de ontem, que
durou duas horas e 45 minutos,
aconteceu 42 dias depois do
primeiro debate, também realizado na Band, e a 24 dias do primeiro turno das eleições.
Em disputa acirrada pelo segundo lugar, Kassab e Alckmin
pouco se enfrentaram durante
todo o debate, mas isso não impediu uma "surpresa" no final.
Em suas considerações finais,
quando já passava da meia-noite, o prefeito atacou Alckmin
na área da educação. "O ex-governador Geraldo Alckmin esteve 12 anos à frente do governo do Estado, sendo seis como
governador. A educação não foi
bem no seu governo, basta conversar com professores do Estado e da prefeitura."
Irritado, Alckmin rebateu o
prefeito em entrevistas, após o
debate, dizendo que Kassab
"mentiu" e não teve "coragem"
de atacá-lo durante o programa. Numa das poucas críticas
indiretas ao prefeito que fez no
debate, Alckmin fez menção ao
déficit de vagas em creches da
prefeitura.
Sem segurança
Coube a Marta -39% das intenções de voto, segundo a última pesquisa Datafolha- e
Alckmin (22%) patrocinarem o
primeiro momento "quente".
Em sua pergunta de estréia, a
petista mirou o tucano e afirmou que a sua gestão no Estado
(2001-2006) foi responsável
pela "pior crise de segurança"
em São Paulo.
"Foram centenas de rebeliões na Febem, chacinas, e nós
vivemos uma situação trágica
com o PCC [a facção criminosa
Primeiro Comando da Capital].
O seu partido não ajudou, pois
extinguiu a Secretaria de Segurança da Cidade de SP e sucateou a Guarda Municipal."
Alckmin respondeu dizendo
que reduziu a taxa de homicídios em 72% e acusou Marta de
não acompanhar a questão da
criminalidade. "Ela não cumpriu com sua obrigação e vem
jogar pedra", disse, lembrando
que o Estado abrigou o traficante Fernandinho Beira-Mar
-"Quando o governo federal,
do partido dela, não tinha aonde abrigar".
O tucano também direcionou sua pergunta a Marta. Bateu na tecla de que ela criou taxas na prefeitura (2001-2004)
e, mesmo assim, "deixou um
rombo de R$ 1,8 bilhão".
A petista contestou os números, lembrando que ações que
questionavam suas contas foram arquivadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal). A ex-prefeita, no entanto, responde
a ação movida pelo Ministério
Público Estadual.
No bate-boca, Alckmin ainda
acusou Marta de não ter pago
"a conta de energia", apesar de
ter criado a taxa de iluminação.
"É a má gestão completa." Na
verdade, o que veio à tona nos
últimos dias é que uma dívida
da taxa do lixo de um dos apartamentos da ex-prefeita, que é
alugado, estava pendente de
pagamento.
"Ilha da fantasia"
Kassab, que está em empate
técnico com Alckmin, com 18%,
foi questionado na área de saúde tanto por Marta quanto pelo
tucano. A petista afirmou que o
prefeito tenta vender a idéia de
"ilha da fantasia" no setor.
O tucano disse que o pior
problema de São Paulo é a saúde. "Infelizmente, a sua gestão,
Marta, não foi aprovada, por isso você não foi reeleita, foi muito mal na saúde. E hoje ela é o
carro-chefe da nossa administração", respondeu Kassab.
Repetindo o que haviam feito
nos últimos programas de TV,
Maluf e o "nanico" Ciro Moura
(PTC) atacaram Marta. O pepista disse que ela foi "reprovada" pela população em 2004,
quando perdeu a reeleição. Ciro lembrou que não há recurso
federal previsto para o metrô
de São Paulo na proposta de
Orçamento da União de 2009.
A petista promete mais do que
dobrar a atual extensão do metrô com a ajuda federal. Ela argumenta que a proposta está
em tramitação no Congresso e
pode ser modificada.
Participaram do debate 8 dos
11 candidatos à prefeitura -somente aqueles cujos partidos
elegeram representantes para a
Câmara. O programa chegou a
ter pico de 6,3 pontos no Ibope
-a audiência média foi de 4,1
pontos. Cada ponto na Grande
São Paulo equivale a 56 mil domicílios. Até o primeiro turno,
os candidatos devem se enfrentar em outros dois debates
-nas TVs Record e Globo.
Em um dos poucos momentos em que a polarização excluiu Marta, Maluf cobrou de
forma rude que Soninha Francine (PPS) desse nome aos vereadores "corruptos". Em entrevista, ela havia dito que há
venda de voto na Câmara Municipal de São Paulo.
"Sobre corrupção, eu acho
que você tá na ordem do dia",
disse Maluf. "Ninguém precisa
ter sido vereador para saber
que se negociam votos nos parlamentos", respondeu Soninha.
No final do debate, Maluf se
emocionou ao falar dos netos,
que estavam na platéia.
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