São Paulo, sexta-feira, 12 de setembro de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO

Rivais "disputam" Marta em debate frio

Alvo preferencial de Alckmin e Kassab, petista trocou críticas nas áreas de saúde, trânsito e segurança até com nanicos

Democrata deixa ataque a tucano para último bloco, quando não podia ser contestado; audiência média foi de 4,1 pontos


DA REPORTAGEM LOCAL EM SÃO PAULO

Em um enfrentamento "engessado" e com poucos momentos de tensão, a petista Marta Suplicy, que lidera as pesquisas de intenção de voto à Prefeitura de São Paulo, foi o alvo preferencial no debate de ontem à noite da Band.
Em temas como saúde, trânsito, contas públicas e segurança, ela trocou ataques com Geraldo Alckmin (PSDB), Gilberto Kassab (DEM), seus principais adversários, mas também com Paulo Maluf (PP) e os "nanicos" Ciro Moura (PTC) e Ivan Valente (PSOL).
O encontro de ontem, que durou duas horas e 45 minutos, aconteceu 42 dias depois do primeiro debate, também realizado na Band, e a 24 dias do primeiro turno das eleições.
Em disputa acirrada pelo segundo lugar, Kassab e Alckmin pouco se enfrentaram durante todo o debate, mas isso não impediu uma "surpresa" no final. Em suas considerações finais, quando já passava da meia-noite, o prefeito atacou Alckmin na área da educação. "O ex-governador Geraldo Alckmin esteve 12 anos à frente do governo do Estado, sendo seis como governador. A educação não foi bem no seu governo, basta conversar com professores do Estado e da prefeitura."
Irritado, Alckmin rebateu o prefeito em entrevistas, após o debate, dizendo que Kassab "mentiu" e não teve "coragem" de atacá-lo durante o programa. Numa das poucas críticas indiretas ao prefeito que fez no debate, Alckmin fez menção ao déficit de vagas em creches da prefeitura.

Sem segurança
Coube a Marta -39% das intenções de voto, segundo a última pesquisa Datafolha- e Alckmin (22%) patrocinarem o primeiro momento "quente". Em sua pergunta de estréia, a petista mirou o tucano e afirmou que a sua gestão no Estado (2001-2006) foi responsável pela "pior crise de segurança" em São Paulo.
"Foram centenas de rebeliões na Febem, chacinas, e nós vivemos uma situação trágica com o PCC [a facção criminosa Primeiro Comando da Capital]. O seu partido não ajudou, pois extinguiu a Secretaria de Segurança da Cidade de SP e sucateou a Guarda Municipal."
Alckmin respondeu dizendo que reduziu a taxa de homicídios em 72% e acusou Marta de não acompanhar a questão da criminalidade. "Ela não cumpriu com sua obrigação e vem jogar pedra", disse, lembrando que o Estado abrigou o traficante Fernandinho Beira-Mar -"Quando o governo federal, do partido dela, não tinha aonde abrigar".
O tucano também direcionou sua pergunta a Marta. Bateu na tecla de que ela criou taxas na prefeitura (2001-2004) e, mesmo assim, "deixou um rombo de R$ 1,8 bilhão".
A petista contestou os números, lembrando que ações que questionavam suas contas foram arquivadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal). A ex-prefeita, no entanto, responde a ação movida pelo Ministério Público Estadual.
No bate-boca, Alckmin ainda acusou Marta de não ter pago "a conta de energia", apesar de ter criado a taxa de iluminação. "É a má gestão completa." Na verdade, o que veio à tona nos últimos dias é que uma dívida da taxa do lixo de um dos apartamentos da ex-prefeita, que é alugado, estava pendente de pagamento.

"Ilha da fantasia"
Kassab, que está em empate técnico com Alckmin, com 18%, foi questionado na área de saúde tanto por Marta quanto pelo tucano. A petista afirmou que o prefeito tenta vender a idéia de "ilha da fantasia" no setor.
O tucano disse que o pior problema de São Paulo é a saúde. "Infelizmente, a sua gestão, Marta, não foi aprovada, por isso você não foi reeleita, foi muito mal na saúde. E hoje ela é o carro-chefe da nossa administração", respondeu Kassab.
Repetindo o que haviam feito nos últimos programas de TV, Maluf e o "nanico" Ciro Moura (PTC) atacaram Marta. O pepista disse que ela foi "reprovada" pela população em 2004, quando perdeu a reeleição. Ciro lembrou que não há recurso federal previsto para o metrô de São Paulo na proposta de Orçamento da União de 2009. A petista promete mais do que dobrar a atual extensão do metrô com a ajuda federal. Ela argumenta que a proposta está em tramitação no Congresso e pode ser modificada.
Participaram do debate 8 dos 11 candidatos à prefeitura -somente aqueles cujos partidos elegeram representantes para a Câmara. O programa chegou a ter pico de 6,3 pontos no Ibope -a audiência média foi de 4,1 pontos. Cada ponto na Grande São Paulo equivale a 56 mil domicílios. Até o primeiro turno, os candidatos devem se enfrentar em outros dois debates -nas TVs Record e Globo.
Em um dos poucos momentos em que a polarização excluiu Marta, Maluf cobrou de forma rude que Soninha Francine (PPS) desse nome aos vereadores "corruptos". Em entrevista, ela havia dito que há venda de voto na Câmara Municipal de São Paulo.
"Sobre corrupção, eu acho que você tá na ordem do dia", disse Maluf. "Ninguém precisa ter sido vereador para saber que se negociam votos nos parlamentos", respondeu Soninha.
No final do debate, Maluf se emocionou ao falar dos netos, que estavam na platéia.


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