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PF prepara ação de busca e apreensão em empreiteiras
Justiça determina que polícia vasculhe sedes de empresas e casas de executivos
Investigação durou 2 anos e
apurou suposta fraude a licitações em obras de
aeroportos; a operação
vazou para os investigados
MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA
ANDREA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal prepara
uma ação de busca e apreensão
nas sedes de algumas das maiores empreiteiras do país e nas
casas de seus executivos. A PF
obteve, no último dia 2, autorização da Justiça para a operação, mas o pedido de prisão de
suspeitos foi negado.
As empresas são investigadas
por suposta fraude a licitações,
tráfico de influência, formação
de quadrilha e corrupção ativa
e passiva na execução de obras
em aeroportos de todo o país
-Guarulhos, Vitória e Campo
Grande, entre outros.
O total de desvios chegaria a
R$ 500 milhões. As obras foram licitadas pela Infraero na
gestão do ex-presidente da empresa Carlos Wilson (PT-PE),
morto em abril deste ano.
Entre os alvos principais do
inquérito estão, entre outras, as
empreiteiras OAS, Camargo
Corrêa, Odebrecht, Nielsen,
Queiroz Galvão e Gautama.
A investigação já dura dois
anos. Os suspeitos foram grampeados por cerca de um ano,
conforme informações da seção judiciária do Distrito Federal que estão na internet.
Nesta semana, a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Justiça souberam que
informações sobre a operação
da PF, que deveria ser sigilosa,
vazaram para alguns investigados. Investigadores ligados ao
caso dizem que o vazamento
prejudica, mas não invalida a
ação, que até ontem não tinha
data para ser realizada.
A operação implica convocação de centenas de policiais federais de todo o país - em casos complexos, juízes chegam a
dar até 30 dias para que a polícia se organize e faça as buscas.
A ação era considerada a "cereja do bolo" da investigação,
com grandes expectativas do
que poderia ser encontrado no
trabalho policial em ano pré-eleitoral - as empreiteiras costumam ser grandes doadoras
de campanhas. As buscas seriam feitas em São Paulo, Rio
de Janeiro, Brasília, Mato
Grosso do Sul e Bahia.
A investigação foi aberta como parte de um inquérito instaurado em 2007 com base em
denúncia anônima. Por estratégia, decidiu-se esvaziar a investigação principal e pedir escutas telefônicas, quebras de sigilo e, como agora, prisões e
buscas e apreensões por meio
de medidas cautelares, às quais
os advogados só têm acesso oficial depois de executadas.
O delegado responsável pelo
caso é Cesar Hubener. A Folha
tentou localizá-lo, mas ele estava em viagem, incomunicável.
O Ministério Público afirmou
que não se manifestaria "por se
tratar de uma medida que corre sob sigilo de Justiça".
A juíza que deferiu a medida
de busca e apreensão, Polyana
Kelly, substituta da 12ª Vara da
Justiça Federal de Brasília,
afirmou apenas que não pode
comentar o caso "por estar sob
sigilo". Advogados de réus
apresentaram petição tentando ter acesso ao teor de seu
despacho, mas ela indeferiu.
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