KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente FHC determinou anteontem a um ministro que telefonasse para um dos coordenadores da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva a fim de explicar que não houve tentativa do governo de fazer terrorismo econômico contra o PT na entrevista concedida na quarta-feira pelo presidente do Banco Central, Armínio Fraga.
No telefonema, o auxiliar de FHC disse que Armínio quis acalmar o mercado, que falou em "limites" na ação do BC para tranquilizar os investidores porque o governo vem se esforçando para evitar a alta continuada do dólar e, por último, que não houve intenção de favorecer o candidato a presidente José Serra (PSDB).
O auxiliar de FHC disse ao petista que o efeito da entrevista acabou sendo contrário ao planejado. Disse ainda que o governo continuaria a se manter no papel de magistrado e que as intensas articulações políticas feitas por FHC em benefício de Serra são fruto de uma posição partidária do presidente, que ele nunca negou, e também dos pedidos da equipe do candidato tucano para que o Planalto apare arestas com setores com resistência a Serra.
A Folha apurou que o dirigente do PT disse julgar correto o comportamento do presidente no que se refere às articulações pró-Serra, mas afirmou que a entrevista de Armínio Fraga contrariou Lula por repetir, na visão da cúpula petista, uma tentativa de fazer terrorismo econômico semelhante à da época em que se falou da argentinização do Brasil em caso de vitória da oposição.
O dirigente disse que uma nova tentativa de terrorismo econômico poderia fazer a economia entrar em grave crise ainda no governo FHC e que o PT, quando chamado a apoiar o acordo com o FMI, assumiu os compromissos cobrados por Armínio: respeito ao acerto com o Fundo, aos contratos e a metas de inflação.


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