São Paulo, sábado, 12 de outubro de 2002

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DISTRITO FEDERAL

Governador peemedebista, que está envolvido em denúncias de grilagem, pressiona tucano a participar de evento

Roriz exige que Serra suba em seu palanque

RAQUEL ULHÔA
SANDRO LIMA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O candidato governista à Presidência, José Serra (PSDB), foi "convocado" a participar de um ato de campanha de um aliado de primeira hora que se tornou incômodo, o governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PMDB).
Envolvido em denúncias de grilagem de terras no DF, Roriz cobrou a presença de Serra no lançamento de sua campanha à reeleição no segundo turno, para contestar notícias de que o tucano estaria querendo se distanciar de políticos envolvidos em escândalos ou situações constrangedoras, entre eles o peemedebista.
Segundo a Folha apurou, Roriz tentou falar com Serra desde o início da manhã, mas só conseguiu contato à tarde. Durante o dia, o governador do DF ligou várias vezes para o comitê do presidenciável em Brasília, com ameaças veladas de até prejudicar a campanha de Serra caso ele não aparecesse.
O comitê acionou os presidentes do PMDB, Michel Temer (SP), e do PSDB, José Aníbal (SP), para funcionar como "bombeiros". Até o ex-ministro Raul Jungmann, que acaba de integrar a articulação política do comitê do presidenciável em Brasília, atuou no caso ontem.
Mostrando irritação, Roriz teria cobrado a presença e o apoio do tucano e da cúpula política da campanha presidencial. Em conversa com Temer, por telefone, o governador disse: "Eu só preciso dele [Serra] hoje. Depois eu me garanto sozinho. Do jeito que saiu no jornal me prejudica".
O evento estava marcado para as 16h e foi prolongado para aguardar Serra, que passou o dia em Belo Horizonte. O ato em Brasília não estava programado na agenda do presidenciável. Ele chegou depois das 19h, fez um discurso relâmpago, de sete minutos, e foi para o Palácio da Alvorada, onde se encontrou com Fernando Henrique Cardoso.
Disfarçando o constrangimento, Serra disse em seu discurso que foi "convocado pelo governador". "Estivemos juntos no primeiro turno, estaremos no segundo e vamos ganhar juntos", disse.
Com a passagem de Serra para o segundo turno das eleições presidenciais e o enfraquecimento da campanha de Roriz, a situação entre os dois se inverteu: se antes era o tucano quem estava de olho na popularidade do governador, agora ele é quem busca o apoio.
Roriz foi um dos poucos governadores engajados na campanha de Serra desde o início do primeiro turno, quando a maioria preferia não colar sua imagem à do tucano, que ia mal nas pesquisas. Àquela altura, a reeleição de Roriz no primeiro turno parecia certa.



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