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HORA DAS CASSAÇÕES
Relator deve incluir Zeca em processo
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O deputado Júlio Delgado (PSB-MG), relator do processo de cassação contra José Dirceu (PT-SP)
no Conselho de Ética, disse ontem
que pretende incluir em seu relatório final a denúncia de que a Casa Civil teria atuado para favorecer José Carlos Becker (PT-PR), o
Zeca Dirceu, filho do ex-ministro.
Delgado diz que a denúncia de
suposto favorecimento a Zeca,
publicada pela Folha no domingo, não deve ser usada como prova, mas como fundamentação do
processo por quebra de decoro
parlamentar.
Segundo o Ministério Público
Federal, Zeca teve apoio da Casa
Civil para empenhar recursos relativos a emendas ao Orçamento
destinadas a cidades do noroeste
do Paraná. À época servidor do
terceiro escalão do governo paranaense, Zeca foi eleito, em 2004,
prefeito de Cruzeiro d'Oeste.
O filho de Dirceu nega irregularidades e diz que sua atuação
ocorreu de maneira "legítima".
Delgado também anunciou encerramento da instrução do processo -o término dos trabalhos
de coleta de depoimentos, documentos e provas.
"Nenhum fato novo poderá ser
utilizado como prova nem pela
defesa nem pela acusação", disse.
Delgado informou que pretende
terminar o relatório até terça-feira, quando deverá fazer a leitura
aos integrantes do conselho.
O processo contra Dirceu foi
aberto a pedido do presidente do
PTB, Flávio Martinez, após as denúncias do então deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de que
Dirceu seria o mentor do esquema do "mensalão".
Em sua defesa, Dirceu argumenta que o conselho não tem
competência para julgá-lo porque
as denúncias se referem a período
em que era ministro da Casa Civil.
Dirceu entrou com mandado de
segurança no Supremo Tribunal
Federal (STF) para impedir a continuidade do processo. Anteontem, o ministro Sepúlveda Pertence, relator do caso, anunciou
que irá compartilhar a decisão.
José Luis Oliveira Lima, advogado
do ex-ministro, afirmou que a decisão não atrapalha, mas criticou
a possibilidade de Delgado incluir
no processo por quebra de decoro
as acusações de favorecimento da
Casa Civil a Zeca.
Informado de que documentos
sigilosos da CPI dos Correios haviam sido anexados ao processo,
Oliveira Lima conseguiu acesso
aos dados. São mais de 400 páginas em papel e mais outras 2.000
arquivadas em disquete de microcomputador.
Dirceu afirmou ontem que nunca recebeu empréstimo do PT,
mas sim adiantamento do partido
para despesas, entre 1995 e 2001.
No período, Dirceu era presidente nacional do PT. Segundo
ele, do valor adiantado, R$
13.676,37 referem-se à passagem
para a China que o PT comprou
para que sua mulher o acompanhasse em viagem partidária. Outros R$ 500 seriam para aquisição
de telefone celular e R$ 146,14, a
"despesas gerais". Os valores teriam sido devolvidos ao PT em
seis parcelas, entre 2003 e 2004.
A explicação consta de representação feita por sua defesa contra o deputado Onyx Lorenzoni
(PFL-RS). Lorenzoni acusou o ex-ministro de ter recebido empréstimo do PT e não tê-lo mencionado em sua declaração de renda.
Os advogados pedem "sanções
disciplinares e criminais" contra
Lorenzoni, por ter veiculado dados fiscais sigilosos. Lorenzoni
afirma que o ex-ministro está tentando intimidá-lo.
(FZ)
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