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Crise do dossiê perde fôlego e patrocina a recuperação de Lula, dizem analistas
DA REPORTAGEM LOCAL
A crise do dossiê perdeu força e exposição. Para analistas
ouvidos pela Folha, esse foi o
fator que mais influenciou o resultado da mais recente pesquisa Datafolha, que mostra
que Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) ampliou de 7 para 11 pontos a vantagem sobre Geraldo
Alckmin (PSDB).
"Os que os números mostram, como já estava sinalizado
na pesquisa anterior, é uma
tendência de recuperação de
Lula", afirma Mauro Paulino,
diretor-geral do Datafolha.
Para Paulino, o que impulsiona essa recuperação é o enfraquecimento da carregada
agenda negativa de Lula no final do primeiro turno: além do
auge do escândalo do dossiê, o
presidente não foi ao debate
promovido pela Globo.
O debate do último domingo,
"se exerceu alguma influência,
foi entre os que têm renda e escolaridade mais altas", diz ele.
O marqueteiro Chico Malfitani também atribui o resultado a uma "mudança do clima
da campanha": "O final do primeiro turno foi muito emocional, houve uma overdose de
dossiê e um desejo de dar um
"puxão de orelha" em Lula, levar para o segundo turno".
"Com menos espaço para a
crise, principalmente na TV, os
números estão sofrendo uma
acomodação", diz Malfitani,
que fez a campanha de Eduardo Suplicy (PT) ao Senado.
Marcus Figueiredo, do Iuperj (Instituto Universitário de
Pesquisas do Rio de Janeiro),
concorda com a tese do "castigo" dado a Lula pelo eleitorado,
que agora se acomoda. "Era um
eleitor que, no primeiro turno,
foi para os dois outros candidatos e para Alckmin. Eles queriam forçar o segundo turno",
diz Figueiredo.
Mas na análise do cientista
político Rogério Schmitt, o cenário é provisório: "Há um movimento pelo voto útil, que
causa essa oscilação dos indecisos. Esses eleitores estão esperando a campanha do segundo
turno, que vai ser fortemente
televisiva, começar".
Segundo ele, na TV, o caso do
dossiê vai voltar e ter influência, mas, sem fatos novos, "dificilmente vai ter fôlego até o fim
da eleição". A expectativa dele
é que o resultado final caminhe
para uma diferença de pouco
mais de cinco pontos entre os
candidatos, se comparados os
votos válidos obtidos. "Lula
tem ainda o favoritismo, mas
agora é muito mais frágil. Há
um clichê sobre o segundo turno que é verdadeiro: ganha
quem erra menos."
(FLÁVIA MARREIRO)
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