São Paulo, sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Próximo Texto | Índice

Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Não basta

A licença foi tudo o que José Sarney e os mais próximos conseguiram arrancar de Renan Calheiros por enquanto, mas agora o próprio PMDB intensificará a pressão pela renúncia definitiva, única maneira de o partido fazer o próximo presidente do Senado a tempo de não ser passado para trás pela recém-costurada aliança entre o PT e a oposição -seriam apenas cinco dias até a eleição do sucessor. Já a opção escolhida por Renan dá a cadeira de presente ao petista Tião Viana -e ninguém acredita que ele sairá dela depois dos 45 dias anunciados. "O Tião é um avanço", disse ontem à noite um senador da elite oposicionista. "Nós convivemos com ele muito melhor do que o PMDB."

Dia D. Embora ainda tenha esboçado alguma resistência na conversa com Sarney & Cia, Renan jogou a toalha na terça-feira, logo depois da sessão de artilharia pesada contra ele na tribuna do Senado.

Bastão. No telefonema a Tião Viana, uma hora e meia antes do pronunciamento, Renan avisou que se licenciaria, mas não falou em prazo.

Bônus. Pelo regimento, durante o período de licença a presidência do Congresso é exercida pelo primeiro vice da Câmara. Que vem a ser o tucano Nárcio Rodrigues, homem de confiança de Aécio Neves.

Nova era. A visita feita ontem à CCJ pelo ministro Guido Mantega, que abandonou o tom ameaçador da véspera para tratar de CPMF com o presidente da comissão, o oposicionista Marco Maciel (DEM-PE), indica: o governo sabe que está pisando em terreno movediço no Senado.

Altos e baixos. Um colega de bancada compara a um gráfico de eletrocardiograma as oscilações de Sibá Machado (PT-AC) ao longo do calvário de Renan: um dia sua disposição para cassar o presidente do Senado "está lá em cima"; no seguinte, "lá embaixo".

Chumbo. Um petista relatou a Heráclito Fortes (DEM-PI) que o partido está na origem de informações que buscam atingi-lo na CPI das ONGs. Uma revista deverá abordar neste final de semana a atuação do senador na União Interparlamentar.

Como está fica 1. Saiu ontem no "Diário Oficial": apesar dos recursos apresentados pelas agências preteridas, as vencedoras da polpuda licitação de publicidade dos Correios foram mesmo Artplan, Propeg e Casablanca, todas ligadas a políticos do PMDB, que dirige a estatal-pivô do escândalo do mensalão.

Como está fica 2. No caso da Artplan, há um segundo padrinho de peso: o ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais), do PTB. Os recursos questionavam o fato de as agências terem sido declaradas vencedoras após reviravolta que desbancou outras três com melhores notas técnicas.

Up. Para compensar a confusão da derrubada da Secretaria do Longo Prazo pelo Senado, o ressuscitado Mangabeira Unger ganhou um afago de Lula: passou a integrar a comitiva que embarca com o presidente para a África no domingo à noite. O senador Marcelo Crivella, do PRB como o ministro, também vai.

Vamos nessa 1. Em reunião com a direção petista anteontem no Planalto, os ministros Hélio Costa (Comunicação), Franklin Martins (Comunicação Social) e Luiz Dulci (Secretaria-Geral) manifestaram disposição de bancar a realização da Conferência Nacional de Comunicação no primeiro semestre de 2008.

Vamos nessa 2. Reivindicação do PT e de movimentos sociais, a conferência desenhará um novo marco regulatório para o setor, discutirá concessões de TVs e a concentração no sistema de telefonia. O debate também terá representantes do Congresso Nacional e da sociedade civil.

Tiroteio

"Quem tem o hábito de sentar em cima de relatório é gente do partido dele, que usou a CPMF para ganhar a presidência de Furnas".
Da senadora KÁTIA ABREU (DEM-TO), relatora da CPMF na CCJ, em resposta ao líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), que disse não acreditar que ela vá "sentar em cima" do relatório para atrasar a aprovação.

Contraponto

Dá pra encarar

Magno Malta (PR-ES) subiu à tribuna na quarta-feira, dia seguinte ao da sessão em que um número recorde de senadores pediu a saída de Renan Calheiros (PMDB-AL) da presidência do Senado, para se queixar. Lamentou o clima "asfixiante" que tomou conta da Casa e mencionou a publicação de fotos de Mônica Veloso na "Playboy".
-Daqui a pouco teremos de ver o Chiquinho Escórcio em uma revista também! -, disse Malta, referindo-se ao assessor de Renan afastado por suspeita de coletar informações para constranger adversários do peemedebista.
Ao que Gilvam Borges (PMDB-AP) ponderou:
-Olha, se for com photoshop, quem sabe...


Próximo Texto: Crise faz Renan se afastar da presidência do Senado
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.