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outro lado
ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO
Secretário diz que gestão Kassab deu prioridade à saúde
Segundo Januario Montone, falta de demonstrativos resulta do fato de que a implantação do SUS só começou em 2001
DA REPORTAGEM LOCAL
Secretário de Gestão na prefeitura entre janeiro de 2005 e
setembro de 2007, o atual secretário municipal de Saúde,
Januario Montone, disse, em
entrevista à Folha em seu gabinete na última segunda-feira,
que a atual gestão "efetivamente priorizou a saúde", destinando, segundo ele, mais recursos
próprios para o setor do que a
gestão de Marta Suplicy. Leia
abaixo trechos da entrevista.
(RUBENS VALENTE)
FOLHA - O relatório do conselheiro
do TCM diz que não existe demonstrativo referente ao sistema de informações de orçamentos públicos
da saúde, o SIOPs, que deveria integrar o relatório da execução...
JANUARIO MONTONE - [Interrompendo] Desculpe, mas isso vá
perguntar para os contadores
da prefeitura. O que nós temos
é um sistema organizado, comprovado, e as secretarias da
Saúde e de Finanças comprovam a utilização. O próprio tribunal comprova que temos
aplicados mais do que os 15%
[mínimo previsto em lei].
FOLHA - Quem são os contadores
da prefeitura?
MONTONE - Ah, procure a Secretaria de Finanças e ela te informa. Vamos assim: ou você
vai fazer uma discussão no macro ou em detalhes. Se você vai
fazer em detalhes...
FOLHA - Podemos fazer nos dois?
MONTONE - Não. Então vamos
suspender a entrevista e você
vai entrevistar o contador aqui
da secretaria. Vamos parar a
entrevista. [O gravador é desligado. Momentos depois Montone decide retomar a entrevista].
FOLHA - Podemos retomar a entrevista? (...) O tribunal questiona a falta da elaboração de algumas demonstrações que expressariam as
políticas da área, como plano de
saúde, programação anual de saúde, relatório anual de gestão.
MONTONE - São coisas um pouco diferentes. Uma coisa é a discussão da aplicação orçamentária, a outra é como se organiza o Sistema SUS. Esses instrumentos que estão citados são
de organização do SUS. (...)
FOLHA - A questão é que o tribunal
diz é que os três acompanhamentos
deveriam ter sido elaborados pela
secretaria municipal e não foram.
MONTONE - Isso. Ele está em
elaboração pela secretaria municipal. Porque eles são instrumentos do SUS e a municipalização da saúde em São Paulo é
tardia, relativamente recente.
O SUS foi organizado pela lei
8.080, na década de 80, e depois
disso tem as normas operacionais em 96 e 98. Nesse período,
a prefeitura de SP estava fora
do SUS. Então, enquanto todos
os outros municípios do Estado
foram se organizando, fazendo
seus planos de saúde anuais,
que é uma exigência da lei, a Secretaria de Saúde de São Paulo
jamais tomou contato com isso.
A municipalização aqui começa
a ocorrer em 2001, formalizada
a gestão plena em 2003, começa a transferência dos equipamentos do Estado e aí que a secretaria começa a se organizar
para atender os preceitos do
SUS. Isso está em elaboração,
em fase final, para aprovação
no conselho [municipal de Saúde]. (...)
FOLHA - Comparando a gestão
2005-2008 com 2001-2004, qual o
balanço?
MONTONE - O balanço é extremamente positivo para esta
gestão, por vários motivos. Esta
gestão efetivamente priorizou
a saúde, que está atingindo 20%
do Orçamento, R$ 3,2 bilhões
neste ano e R$ 4 bilhões e alguma coisa no ano que vem. O que
mostra a prioridade não é o Orçamento, é o que a prefeitura,
dos impostos que ela arrecada,
o que ela investe. É isso que
mostra que você priorizou. Nós
estamos aplicando 20%.
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