São Paulo, domingo, 12 de outubro de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / PELO PAÍS

Menos cidades levam disputa para 2º turno

Só 38% dos grandes municípios terão nova votação; índice é o menor desde 1988, quando a segunda etapa foi instituída


Tentaram a reeleição 20 dos 26 prefeitos das capitais; desses, 12 foram reeleitos no primeiro turno e todos os outros 8 seguem na disputa

EM SÃO PAULO
DO PAINEL

As eleições municipais deste ano terão no próximo dia 26 o menor índice de segundos turnos de toda a história.
Nas últimas disputas para as prefeituras do país, em 1992, 1996, 2000 e 2004, as grandes cidades assistiram a disputas acirradas: em média, 60% delas só souberam o nome do novo prefeito no segundo turno. Agora, esse índice desce a 38%.
Instituído pela Constituição de 1988, o segundo turno está previsto nas cidades com mais de 200 mil eleitores, caso nenhum dos candidatos atinja a maioria dos votos válidos (excluídos brancos e nulos).
Neste ano, apenas 29 das 77 cidades (38%) que se encaixam nesse perfil terão votação no próximo dia 26. As outras 48 (62%) já resolveram a disputa no primeiro turno.
Alguns casos são sintomáticos: Goiânia, Maceió, Santos (SP), Uberlândia (MG) e Jaboatão dos Guararapes (PE) sempre tiveram segundos turnos para eleger os seus prefeitos, de 1992 a 2004. Agora, tudo se resolveu na primeira etapa.
"Administrar uma cidade é como no futebol, tem que ter trabalho de base. Em Maceió se revelaram novos jogadores, a população cansou das figuras desgastadas", diz Cícero Almeida (PP), reeleito com o maior índice nas capitais, 81,49%.
Descontado o discurso político, o caso de Maceió é simbólico do que ocorreu: o continuísmo. Nas capitais, 20 dos 26 prefeitos concorreram à reeleição. Desses, 12 foram reeleitos no primeiro turno. Todos os outros 8 continuam na disputa.
"Há o caixa da prefeitura, a máquina. Nesses últimos dois anos, se você olhar, essas cidades foram bem financeiramente. Isso ajuda bastante o gestor", afirma a cientista política Maria do Socorro Braga, da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos).
Tendo como base o total de municípios do país, a CNM (Confederação Nacional de Municípios) afirma que 67% dos prefeitos que tentaram a reeleição obtiveram a vitória no primeiro turno, contra média de 58% em 2000 e 2004.
"Isso mostra que os prefeitos estão com força. Eles já tinham uma tendência de se reelegerem. Agora, vencem com mais facilidade, e no primeiro turno", afirma Argelina Figueiredo, do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro) e do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento).
(RANIER BRAGON E SILVIO NAVARRO)



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