São Paulo, domingo, 12 de outubro de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / SALVADOR

Ex-governadores da Bahia se unem para vencer PT na capital

"Esta aliança é a forma que encontramos para dar um freio na ânsia do PT de se tornar um partido hegemônico", diz Souto

Além do presidente do DEM no Estado, o prefeito João Henrique tem o apoio de João Durval, César Borges, Nilo Coelho e Lomanto Jr.


LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Adversários no passado, cinco ex-governadores da Bahia se uniram para tentar impedir o PT de chegar pela primeira vez à Prefeitura de Salvador. Desde 1985, quando lançou o cientista político Jorge Almeida, o partido disputou seis eleições -e só agora, com o deputado federal Walter Pinheiro, conseguiu passar para o segundo turno.
"Esta aliança é a forma que encontramos para dar um freio na ânsia do PT de se tornar um partido hegemônico no Estado", disse o ex-governador Paulo Souto. Além de Souto, presidente estadual do DEM, apóiam o prefeito João Henrique Carneiro (PMDB) os ex-governadores João Durval Carneiro (PDT), César Borges (PR), Nilo Coelho (PP) e Lomanto Júnior (PMDB).
O PT e o PMDB, que integram a base do presidente Lula e do governador Jaques Wagner (PT), venceram as disputas em 177 (42,54%) municípios da Bahia, de um total de 416 onde as eleições foram finalizadas -somente em Salvador acontece o segundo turno: o PMDB fez 113 prefeituras, e o PT, 64.
Na cidade mais importante do Estado, desde março passado -quando o PT rompeu com a atual administração-, os dois partidos entraram em "guerra". No primeiro turno, João Henrique e Pinheiro passaram a maior parte do horário eleitoral gratuito trocando acusações.
A briga levou o presidente Lula a não participar da campanha de Salvador no primeiro turno. Lula também já declarou que não vai a Salvador no segundo turno e que não vai gravar mensagem de apoio para nenhum dos dois candidatos.
"Pelo que fez em sua primeira administração, João Henrique é a melhor alternativa para Salvador", disse o senador João Durval Carneiro, pai do prefeito. Há dois anos, Carneiro foi eleito senador pela mesma coligação que levou Jaques Wagner ao governo. Na época, o ex-governador era adversário de Paulo Souto -que disputou o governo- e de César Borges, presidente do PR na Bahia.

Confronto
Ao dar o aval para a parceria com o DEM em Salvador, o ministro peemedebista Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) tensionou ainda mais as relações com Wagner. Em público, os dois dizem que nada abala a aliança PT-PMDB na Bahia, mas, reservadamente, o governador critica o ministro por ter procurado o DEM -seu maior adversário no Estado- para se coligar justamente contra um candidato petista.
Presidente da Executiva Estadual do PMDB, Lúcio Vieira Lima, irmão do ministro, afirmou que os petistas não "têm moral" para criticar o acordo: "O PT aceitou o apoio do PSDB, partido que faz a oposição mais acirrada ao presidente Lula. E também aceitou o apoio do PPS, legenda que não faz parte da base do governo federal".
Um dos coordenadores da campanha do PT, o sociólogo Geraldo Reis afirmou que o grupo formado pelo PT para disputar o segundo turno "faz parte de um mesmo projeto de construção coletiva".
"Para nós, o que importa é mostrar aos eleitores que Walter Pinheiro é um privilegiado porque pode administrar a terceira maior cidade do Brasil ao lado do presidente Lula e do governador Jaques Wagner."


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