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Oposição cobra apuração de ingerência em ministério
Segundo PF, Fernando Sarney e Rondeau interferem em agenda de Minas e Energia
Para Demóstenes, Lobão deve responder por crime de responsabilidade; ministro nega influência na pasta e tem apoio da base aliada
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A revelação feita pela Folha
de que o executivo Fernando
Sarney, filho do presidente do
Senado, José Sarney, e o apadrinhado do clã maranhense
Silas Rondeau interferem com
desenvoltura na agenda do ministro Edison Lobão (Minas e
Energia) fez a oposição cobrar
uma apuração da Polícia Federal e do Ministério Público para saber se o titular da pasta
não cometeu crime.
Do ponto ponto de vista administrativo, dizem os parlamentares ouvidos pela reportagem, deve-se observar se Lobão eventualmente ultrapassou os limites de conduta ética
que deve observar no exercício
do cargo, uma análise que deverá ser feita pela Comissão de
Ética da Alta Administração
Federal.
"Se há corruptores, há corruptos. Sem a participação de
um servidor esse é um círculo
que não se completa. Trata-se
de um esquema que funciona
necessariamente em duas pontas, o que deve ser investigado
em qualquer esfera do governo", afirmou o senador Alvaro
Dias (PSDB-PR).
Segundo o tucano, a investigação "neste caso é ainda mais
urgente, porque estamos falando do ministério do pré-sal,
que é uma riqueza que o governo superdimensiona. Portanto
tem que superdimensionar a
vigilância também".
De acordo com o senador
Demóstenes Torres (DEM-GO), Lobão "deverá responder
pelo crime de responsabilidade, na condição de ministro de
Estado. Na esfera administrativa, como está licenciado do Senado [tem mandato eletivo pelo PMDB do Maranhão], deverá se submeter à Comissão de
Ética do Executivo".
A próxima reunião da comissão, que pode atuar por meio
de ofício ou por representação,
é no final deste mês. Em regra,
as notícias com esse perfil são
analisadas pelo grupo, de sete
membros, que decide, sob sigilo, se cabe ou não abertura de
processo para avaliar a conduta
do servidor em questão.
Aliados
Na base aliada, a repercussão
foi naturalmente menos aguda.
"Não acho que tenha havido
comprometimento ético do ministro [Lobão]. É natural ligar
para o ministro como amigo e
fazer um pedido. Não vejo comprometimento ético nisso.
Diante do que li, fico com a versão dele", afirmou o líder do PT
na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP).
O presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (PT-SP),
usou de cautela para comentar
o caso. "Todo vazamento tem
um propósito. Minha opinião é
a de que é preciso que se cumpram todas as etapas do devido
processo legal, provar se realmente houve ou não houve tráfico de influência, para só então
emitir qualquer juízo de valor."
À Folha, por meio de sua assessoria, o ministro disse que
Fernando Sarney pode solicitar audiências e também confirmou que recebeu empresários a pedido de Rondeau.
Afirmou, no entanto, que
Fernando não "marca nem
desmarca" reuniões e que "não
exerce influência no Ministério de Minas e Energia, ao qual
não pertence".
Fernando Sarney afirmou
que não iria se pronunciar sobre o assunto, por se tratar de
investigações que correm em
segredo de Justiça.
Ex-ministro da pasta e aliado
de Sarney, Silas Rondeau negou ter feito qualquer tráfico
de influência.
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