|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRIME EM ALAGOAS
Parecer antecede o fim do mandato de Augusto Farias
Brindeiro pede para arquivar inquérito contra irmão de PC
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A pedido do procurador-geral
da República, Geraldo Brindeiro,
o STF (Supremo Tribunal Federal) irá arquivar nos próximos
dias o inquérito criminal que apura se o deputado Augusto Farias
(PPB-AL) foi responsável pela
morte do irmão Paulo César Farias e da namorada de PC, Suzana
Marcolino, em 1996.
Brindeiro recomendou o arquivamento em parecer enviado ao
ministro Sepúlveda Pertence, relator do inquérito.
Por causa do foro privilegiado
dos deputados, a recomendação
tem força de decisão. É que cabe
exclusivamente ao procurador-geral avaliar, ao final de inquéritos, se eles devem ser extintos ou
virar ações penais.
Brindeiro concluiu que Suzana
matou Paulo César Farias e se suicidou em seguida. O parecer coincide com o fim do mandato de
Augusto Farias, que não foi reeleito, e consequentemente com a
perda do direito de só ser julgado
pelo Supremo.
Por isso, o arquivamento do inquérito pelo STF é conveniente
para ele. Com essa medida, a
eventual reabertura das investigações pela Justiça comum de Alagoas passará a depender, em tese,
do surgimento de novos fatos.
Os advogados de Augusto Farias deverão explorar a opinião do
procurador-geral caso as investigações sejam reabertas.
Recentemente, a 2ª Vara de Crimes Dolosos Contra a Vida do Fórum de Maceió decidiu levar a júri
quatro seguranças de PC suspeitos de envolvimento nas duas
mortes.
Eles teriam falhado no dever de
proteger o ex-tesoureiro da campanha do ex-presidente Fernando
Collor de Mello.
Inquérito no STF
O inquérito no STF foi aberto
em fevereiro de 2000, a pedido do
próprio Brindeiro.
Na época, ele disse que havia diversos indicadores da participação do deputado no suposto duplo homicídio.
Também detectou "indícios fortes" de que o irmão de PC fora
responsável por alteração no
quarto da casa de PC onde o crime ocorreu, em Maceió.
Agora o procurador-geral convenceu-se de que Augusto Farias
não foi o responsável por duplo
homicídio e que o médico-legista
Badan Palhares, autor do laudo
segundo o qual Suzana Marcolino
matou Paulo César Farias e se suicidou, não cometeu o crime de
falsa perícia.
A base do parecer são esclarecimentos técnicos feitos por Badan,
particularmente sobre a controvérsia relativa à altura da namorada de PC, e perícia da Polícia Federal descartando uma evolução
patrimonial de Badan incompatível com a renda dele.
A perícia foi requisitada em
2000 por causa da suspeita de que
o legista teria recebido R$ 400 mil
para emitir um laudo falso que
beneficiaria o irmão do empresário assassinado.
A altura de Suzana
PC e Suzana morreram na madrugada de 23 de junho de 1996,
cada um com um tiro. A polícia
acolheu a tese de homicídio praticado pela namorada seguido de
suicídio.
As investigações foram retomadas por causa de uma reportagem
da Folha, de 1999, que mostrou
fotografias indicando estar errada
a altura de Suzana no laudo de Badan, o que invalidava as conclusões técnicas.
Em 24 de março daquele ano, a
Folha publicou reportagem com
oito fotografias de Suzana provando que a altura que constava
do laudo de Badan estava errada:
ela era mais baixa que PC.
No dia 31 de março daquele ano,
a Folha também publicou imagens e descreveu o vídeo com a
necropsia do corpo de Suzana feita pela equipe de Badan, mostrando que a altura do corpo não foi
medida.
Texto Anterior: No Ar - Nelson de Sá: Show da vida Próximo Texto: Saiba mais: Ex-tesoureiro de Collor foi morto em junho de 96 Índice
|