São Paulo, segunda-feira, 12 de novembro de 2007

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Emprego industrial cai em SP, diz pesquisa

De 1985 a 2005, houve perda de 500 mil empregos na indústria, mas, em compensação, ganho de 1,4 milhão em serviços

Pesquisadores verificaram ainda que houve na região metropolitana de São Paulo um aumento da renda nas camadas superiores

DA SUCURSAL DO RIO

Um estudo que está sendo feito pelas pesquisadoras Suzana Pasternak, da USP, e Lúcia Machado Bógus, da PUC-SP, mostra que já é visível o movimento de diminuição dos empregos industriais na região metropolitana de São Paulo. De 1985 a 2005, houve perda de 500 mil empregos industriais formais, mas, em compensação, ganho de 1,4 milhão no setor de comércio e serviços.
"Podemos supor que muitos ex-empregados secundários migraram para o setor de serviços. E, como tradicionalmente os serviços menos especializados pagam menos do que o setor secundário, isso explicaria a perda relativa de renda das camadas hierarquicamente inferiores na pirâmide social. Somado a este fato, há uma precarização das relações de trabalho, o que tornam ainda mais difíceis as condições de vida da camada popular", diz Suzana.
A mesma pesquisa -financiada pelo CNPq para o Instituto do Milênio, que reúne 12 aglomerados metropolitanos do Brasil coordenados pela UFRJ- mostra ainda que houve uma diminuição da elite empregadora em São Paulo, mas um aumento do número de profissionais de nível superior e de trabalhadores não especializados, como domésticos, ambulantes e biscateiros.
As duas pesquisadoras verificaram ainda que houve em São Paulo um aumento da renda nas camadas de mais alta renda e uma leve perda de 1991 a 2000 entre as camadas mais populares, o que contribuiu para aumentar a desigualdade.
Suzana concorda com o economista André Urani quando este afirma que o futuro de São Paulo não deve mais passar pela atração de empresas.
"Não é que não vamos ter indústria, mas ela deve sair da capital e ir cada vez mais para os outros municípios. Parece ser tendência de metrópoles perderem parque industrial e ganhar serviços modernos, como de informática, marketing, publicidade ou financeiros".
Ela diz ainda acreditar que, a médio prazo, São Paulo deve se desconcentrar. "Nos próximos anos, dada a mudança na estrutura ocupacional, haverá uma tensão crescente nas metrópoles, ou seja, uma situação que deve se deteriorar até que a população comece a sair delas."
(ANTÔNIO GOIS)


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