|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Emprego industrial cai em SP, diz pesquisa
De 1985 a 2005, houve perda de 500 mil empregos na indústria, mas, em compensação, ganho de 1,4 milhão em serviços
Pesquisadores verificaram ainda que houve na região metropolitana de São Paulo um aumento da renda
nas camadas superiores
DA SUCURSAL DO RIO
Um estudo que está sendo
feito pelas pesquisadoras Suzana Pasternak, da USP, e Lúcia
Machado Bógus, da PUC-SP,
mostra que já é visível o movimento de diminuição dos empregos industriais na região
metropolitana de São Paulo. De
1985 a 2005, houve perda de
500 mil empregos industriais
formais, mas, em compensação, ganho de 1,4 milhão no setor de comércio e serviços.
"Podemos supor que muitos
ex-empregados secundários
migraram para o setor de serviços. E, como tradicionalmente
os serviços menos especializados pagam menos do que o setor secundário, isso explicaria a
perda relativa de renda das camadas hierarquicamente inferiores na pirâmide social. Somado a este fato, há uma precarização das relações de trabalho, o que tornam ainda mais
difíceis as condições de vida da
camada popular", diz Suzana.
A mesma pesquisa -financiada pelo CNPq para o Instituto do Milênio, que reúne 12
aglomerados metropolitanos
do Brasil coordenados pela
UFRJ- mostra ainda que houve uma diminuição da elite empregadora em São Paulo, mas
um aumento do número de
profissionais de nível superior
e de trabalhadores não especializados, como domésticos, ambulantes e biscateiros.
As duas pesquisadoras verificaram ainda que houve em São
Paulo um aumento da renda
nas camadas de mais alta renda
e uma leve perda de 1991 a 2000
entre as camadas mais populares, o que contribuiu para aumentar a desigualdade.
Suzana concorda com o economista André Urani quando
este afirma que o futuro de São
Paulo não deve mais passar pela atração de empresas.
"Não é que não vamos ter indústria, mas ela deve sair da capital e ir cada vez mais para os
outros municípios. Parece ser
tendência de metrópoles perderem parque industrial e ganhar serviços modernos, como
de informática, marketing, publicidade ou financeiros".
Ela diz ainda acreditar que, a
médio prazo, São Paulo deve se
desconcentrar. "Nos próximos
anos, dada a mudança na estrutura ocupacional, haverá uma
tensão crescente nas metrópoles, ou seja, uma situação que
deve se deteriorar até que a população comece a sair delas."
(ANTÔNIO GOIS)
Texto Anterior: No Rio, fábricas de tecido desativadas dão espaço a shoppings e supermercados Próximo Texto: Para Dieese, mínimo explica ritmo diferente Índice
|