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Brasil impressiona, diz secretário da ONU
Ban Ki-moon afirma que "o mundo não consegue entender muito bem" o esforço do país na produção de energia renovável
Em sua primeira visita ao Brasil, diplomata vai a usina de álcool no interior de São Paulo e chama país de "gigante verde discreto"
JORGE SOUFEN JR
DA FOLHA RIBEIRÃO
O secretário-geral da ONU,
Ban Ki-moon, 63, disse ontem,
em sua primeira visita ao Brasil, que ficou impressionado
com os esforços do governo
brasileiro em produzir energia
renovável. Para o líder das Nações Unidas, o Brasil é um "gigante verde discreto".
Ele esteve ontem na Usina
Santa Adélia, de Jaboticabal
(SP), onde conheceu uma plantação de cana-de-açúcar e etapas da produção de álcool. Ele
conclamou líderes mundiais a
estarem mais atentos para o
"sucesso" do Brasil no setor.
"Aprecio bastante o trabalho
que o governo brasileiro tem
feito. O mundo não consegue
entender muito bem até onde o
Brasil chegou nessa área. O
Brasil é, efetivamente, um gigante verde discreto", afirmou
o secretário-geral em discurso.
Para ele, o país tem sido líder
no combate aos problemas climáticos desde a ECO-92. "Estou impressionado com o que vi
até agora e com o esforço do governo brasileiro em produzir
energia renovável", disse.
O secretário-geral também
se mostrou preocupado com
aspectos ambientais e sociais
decorrentes da produção de
biocombustíveis no Brasil.
"Claramente, a bioenergia tem
grande potencial para o bem.
Talvez possa causar alguns danos. São os governos que detêm
a responsabilidade de criar um
balanço entre os custos sociais
e os benefícios [da produção]."
"Como secretário-geral das
Nações Unidas, queria que
houvesse uma preocupação
com o bem-estar dos trabalhadores, não somente na manutenção de seus empregos como
também nas condições apropriadas e de vida", disse.
Ki-moon também sugeriu o
debate sobre a segurança alimentar. "Eu sei que existem várias controvérsias na área da
bioenergia. Que a terra, que é
atualmente utilizada para plantar alimentos, venha a ser utilizada para a produção de energia. A pesquisa tecnológica deve continuar para resolver essas questões", afirmou.
A visita do líder das Nações
Unidas ao Brasil tem como foco
as alterações climáticas do planeta. Ele participará, em dezembro, de uma conferência
em Bali (Indonésia), onde líderes mundiais darão início à
criação de um documento sobre a redução de emissões de
carbono.
O secretário-geral ficou
aproximadamente uma hora e
meia na Usina Santa Adélia. Assistiu a um vídeo institucional
no centro administrativo da
empresa, conheceu uma colheitadeira em uma plantação
de cana-de-açúcar, passou pela
área de moagem e discursou no
armazém da usina.
Ele partiu ontem mesmo do
aeroporto Leite Lopes, em Ribeirão Preto, para Brasília. Hoje, a agenda prevê reunião com
o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva. "Vou me reunir com o
presidente Lula e vamos discutir essas e outras questões envolvendo o problema das mudanças climáticas."
Para o presidente da Unica
(União da Indústria de Cana-de-Açúcar), Marcos Sawaia
Jank, Ki-moon ficou impressionado com as tecnologias
brasileiras para a produção do
álcool. "A visita foi muito importante para que a ONU se
torne, cada vez mais, um aliado
da nossa causa: levar à frente os
biocombustíveis no mundo."
Com cerca de 2.500 funcionários, a Santa Adélia tem mais
de 50% de sua produção mecanizada -sem queimadas, portanto- e é modelo em geração
de energia elétrica produzida a
partir do bagaço da cana.
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