São Paulo, quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Novas apreensões da PF dão sobrevida à investigação de grampo ilegal no STF

LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As apreensões de documentos e computadores na casa de investigadores da Operação Satiagraha e nas dependências da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) deu sobrevida a outra investigação da Polícia Federal: a que apura o suposto grampo ilegal em conversa do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, com o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
As informações e provas obtidas no inquérito conduzido em Brasília pelos delegados Rômulo Berredo e Wiliam Morad foram compartilhadas com a investigação aberta a pedido da direção geral da PF que apura o vazamento de dados sigilosos da Satiagraha. Esta é de responsabilidade da corregedoria geral da instituição e é presidida, em São Paulo, pelo delegado Amaro Ferreira.
A Folha apurou que Berredo e Morad só vão concluir o inquérito do suposto grampo após perícia nos computadores e documentos apreendidos pela PF na semana passada.
É ali que eles esperam encontrar algo que comprove reportagem da revista "Veja", em setembro, segundo a qual o suposto grampo no presidente do STF partiu de agentes da Abin, em parceira com policiais federais, na esteira da operação que prendeu Daniel Dantas.
Essa era uma tese considerada improvável pelos investigadores, já que o inquérito não identificou, até o momento, nenhum responsável pelo grampo, assim como não localizou o áudio da suposta conversa. O entendimento deles era que "sem corpo não há crime". O inquérito, aberto no início de setembro, foi prorrogado pela Justiça Federal, na sexta passada, por mais 30 dias.
Além de ainda aguardarem perícia nas instalações telefônicas do Senado, do Supremo e de empresas de telefonia, os delegados continuam a colher depoimentos, como o de funcionários da Brasil Telecom, empresa que já foi controlada por Dantas e é uma das que prestam serviço de telefonia no Distrito Federal, e da Vivo.
A conexão dos inquéritos, considerada normal pela PF, é evidenciada no relatório de Amaro Ferreira que baseou a cessão, pelo juiz Ali Mazloum, dos mandados de busca e apreensão na casa de investigadores da Satiagraha. Nele há a citação de depoimento de Francisco Ambrósio, ex-agente do serviço secreto, interrogado pelos delegados Berredo e Morad para o inquérito do suposto grampo ilegal.
Além de conectadas, as apurações têm em comum: terem sido abertas por determinação da cúpula da PF, que trava batalha com o delegado Protógenes Queiroz; e serem conduzidas de perto por Luiz Fernando Corrêa, chefe do órgão.
Ontem, Rômulo Berredo disse que espera concluir o caso até o próximo mês.


Texto Anterior: Acesso ao Guardião da PF pela Abin gera polêmica
Próximo Texto: Elio Gaspari: Um sacerdote africano do século 19
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.