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Novas apreensões da PF dão sobrevida à investigação de grampo ilegal no STF
LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As apreensões de documentos e computadores na casa de
investigadores da Operação Satiagraha e nas dependências da
Abin (Agência Brasileira de Inteligência) deu sobrevida a outra investigação da Polícia Federal: a que apura o suposto
grampo ilegal em conversa do
presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal), Gilmar
Mendes, com o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
As informações e provas obtidas no inquérito conduzido
em Brasília pelos delegados Rômulo Berredo e Wiliam Morad
foram compartilhadas com a
investigação aberta a pedido da
direção geral da PF que apura o
vazamento de dados sigilosos
da Satiagraha. Esta é de responsabilidade da corregedoria geral da instituição e é presidida,
em São Paulo, pelo delegado
Amaro Ferreira.
A Folha apurou que Berredo
e Morad só vão concluir o inquérito do suposto grampo
após perícia nos computadores
e documentos apreendidos pela PF na semana passada.
É ali que eles esperam encontrar algo que comprove reportagem da revista "Veja", em
setembro, segundo a qual o suposto grampo no presidente do
STF partiu de agentes da Abin,
em parceira com policiais federais, na esteira da operação que
prendeu Daniel Dantas.
Essa era uma tese considerada improvável pelos investigadores, já que o inquérito não
identificou, até o momento, nenhum responsável pelo grampo, assim como não localizou o
áudio da suposta conversa. O
entendimento deles era que
"sem corpo não há crime". O
inquérito, aberto no início de
setembro, foi prorrogado pela
Justiça Federal, na sexta passada, por mais 30 dias.
Além de ainda aguardarem
perícia nas instalações telefônicas do Senado, do Supremo e
de empresas de telefonia, os
delegados continuam a colher
depoimentos, como o de funcionários da Brasil Telecom,
empresa que já foi controlada
por Dantas e é uma das que
prestam serviço de telefonia no
Distrito Federal, e da Vivo.
A conexão dos inquéritos,
considerada normal pela PF, é
evidenciada no relatório de
Amaro Ferreira que baseou a
cessão, pelo juiz Ali Mazloum,
dos mandados de busca e
apreensão na casa de investigadores da Satiagraha. Nele há a
citação de depoimento de
Francisco Ambrósio, ex-agente
do serviço secreto, interrogado
pelos delegados Berredo e Morad para o inquérito do suposto
grampo ilegal.
Além de conectadas, as apurações têm em comum: terem
sido abertas por determinação
da cúpula da PF, que trava batalha com o delegado Protógenes Queiroz; e serem conduzidas de perto por Luiz Fernando
Corrêa, chefe do órgão.
Ontem, Rômulo Berredo disse que espera concluir o caso
até o próximo mês.
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