São Paulo, quinta, 12 de novembro de 1998

Próximo Texto | Índice

PAINEL

Amarrado em Washington
Desde a semana passada, o governo trabalha com a informação de que está concluído o acordo com o FMI. Daí, a pressão de FHC pela queda dos juros, que ocorreu ontem na reunião do Comitê de Política Monetária.
²
Dividir para reinar
FHC dará gás a Dornelles (RJ), reeleito deputado, para estimular novo comando no PPB, em contraposição a Maluf. Governador eleito de SC, Amin também receberá força. Para o Planalto, a liderança de Maluf foi avariada seriamente pela suposta chantagem com uma suposta conta da cúpula tucana no exterior.
²

Confissão de limites
Alberto Cardoso (Casa Militar) se queixou de falta de pessoal para provar que as supostas contas tucanas no exterior seriam falsas, como tem dito acreditar piamente. Sem os antigos espiões das embaixadas, teria de recorrer à ajuda de "amigos".
²
Questão de ângulo
Embora PFL e PPB digam que os tucanos estão acuados pelas supostas chantagens contra o governo, o PSDB não perde a pose. Diz que, apesar dos dois casos, o governo segue forte, pois o Congresso não parou de votar, como em 95, na cola dos escândalos da Pasta Rosa e do Sivam.
²
Gato por lebre
De James Cavallaro, da ONG Human Rights Watch, sobre prêmio que José Gregori (Direito Humanos) recebeu da ONU: "Espero que o governo não o venda como reconhecimento da eficiência de sua política na área. Não é. É só do Gregori".
²
Cunha baiana
ACM interceptou ontem uma tentativa do líder do PTB, Paulo Heslander (MG), de formalizar um bloco com o PSDB na Câmara. Por meio de seu fiel escudeiro nas hostes petebistas, o deputado Félix Mendonça (BA).
²
Porto lucrativo
Ex-prefeito de Praia Grande, o deputado federal eleito Alberto Mourão (PMDB) foi a Brasília tentar influir na futura diretoria da Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo).

Guru tucano
A cúpula do PSDB virá a São Paulo na próxima semana se reunir com Covas. Os tucanos querem ouvir o que governador tem a dizer sobre espaço na 2º gestão de FHC e sobre as eleições de 2000 e 2002. Planejam articular movimentos conjuntos.
²
Desembarque facilitado
O envolvimento do nome de Maluf na suposta chantagem à cúpula tucana ajudou Pitta. O prefeito paulistano estava com medo da pecha de traidor ao se afastar do padrinho, que, agora, está mais na berlinda do que ele.
²
Não é piada
A coisa anda tão feia na Prefeitura de São Paulo que foi chamado anteontem o pai-de-santo Robério de Ogum para tirar a negatividade do gabinete de Pitta. Maldosos dizem que Maluf não quer deixar de ser um encosto.
²
Xadrez paulista
O secretário da Segurança Pública de SP, José Afonso da Silva, só sai do posto se quiser. Mas amigos contam que ele não deseja ficar e que prefere concluir livros de direito e se dedicar a assuntos pessoais. Nessa hipótese, Belisário dos Santos Jr., da Justiça, é o nome mais cotado hoje.
²
Ganhando o aparelho
Marta Suplicy promoveu um coquetel para a burocracia do PT paulistano em sua casa no sábado. De olho na eleição para a prefeitura em 2000, quer se aproximar da máquina partidária.
²
Escanteio paulistano
O PFL paulista bem que tentou emplacar o ex-ministro Luiz Carlos Santos e ex-candidato a vice de Maluf, que ficou sem mandato, no secretariado de Pitta na capital. O prefeito vetou.
²
Pinimba estrelada
Depois de criado, o Ministério da Defesa teria os comandos do Exército, Marinha e da Força Aérea. A Aeronáutica implicou com o nome. Não é apenas uma questão semântica. É que os brigadeiros não querem abrir mão de outras áreas, como aeroportos, tarifas e aviação civil.

² TIROTEIO

De Brizola (PDT), que participou do círculo de poder de Getúlio Vargas e de João Goulart, sobre o governo de FHC ter dado ao general Alberto Cardoso (Casa Militar) a missão de investigar as duas supostas chantagens a que estaria sendo submetido:
- Estive perto de muitos presidentes. Quando um presidente quer evitar uma investigação, designa pessoas próximas e que tenham a sua simpatia.

CONTRAPONTO

Crise da política
Após sucessivas denúncias de fraudes nas votações, a Câmara, temendo se desgastar perante a opinião pública, resolveu mudar o sistema de tomada de votos dos deputados.
No sistema anterior, o deputado digitava um código e, em seguida, a tecla sim, não ou abstenção. Era possível que deputados, os célebres "pianistas", votassem por outros ausentes.
No novo sistema, a identificação é feita pela impressão digital. Mas nem sempre dá certo. Ontem, na sessão do Congresso, o senador Carlos Wilson (PSDB-PE) se queixou ao colega Roberto Freire (PPS-PE) de que o sistema não reconhecera sua digital do dedão da mão esquerda.
- Pior aconteceu comigo. O sistema não reconheceu nem o dedão da esquerda nem o dedão da direita.
Carlos Wilson não perdeu a oportunidade de espetar:
- É pior mesmo, Roberto. Mostra que você está sem identidade ideológica.



Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.