São Paulo, quinta-feira, 12 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRANSIÇÃO

"Você não obtém crédito se não conquistar a confiança", diz petista

Palocci aceita condição de Bush para liberar créditos

DO ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK

O futuro ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, disse ontem que concorda com a condição imposta pelo presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, para ajudar as empresas brasileiras a retomarem as linhas de crédito internacionais. No entanto, ele discordou que essas condições sejam posições pessoais do próprio Bush, creditando-as ao funcionamento dos mercados.
Durante encontro com Bush na terça-feira, o presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, pediu um esforço da Casa Branca para convencer os bancos privados a retomarem linhas comerciais ao Brasil. Bush condicionou essa ajuda às medidas econômicas que o PT adotará no poder.
Indagado sobre o assunto, Antonio Palocci disse: "Não são condições de Bush. Elas são absolutamente concretas. Ou seja, você não obtém crédito se não conquistar a confiança do governo e do país. Portanto, é preciso criar um clima de confiança para que o crédito volte".
Segundo Palocci, o governo Lula está comprometido com esse pensamento e, portanto, não haveria contradição nem divergências entre o governo eleito brasileiro e o governo americano.
O problema da falta de crédito para o setor privado foi tratado lateralmente por Palocci com os banqueiros ontem, na sede do Fed em Nova York.
O futuro ministro não quis fazer um pedido específico a eles porque ainda não assumiu nem poderia exigir às instituições um compromisso antes de começar a agir. Palocci deveria voltar ontem à noite ao Brasil.
Anteontem, após seu encontro com o presidente norte-americano, Lula declarou: "Eu disse ao presidente Bush que, embora seja um problema do sistema financeiro, acredito que o governo norte-americano pode ajudar no sentido de que as linhas de crédito não se fechem ao Brasil".
Segundo a embaixadora dos EUA no Brasil, Donna Hrinak, o presidente americano demonstrou uma espécie de solidariedade condicional: "A resposta [de Bush] foi que a gente quer trabalhar com vocês, mas depende também do que vocês fazem e do que o governo [brasileiro] diz e faz", afirmou. (MARCIO AITH)


Texto Anterior: Versão brasileira: Voluntário traduz a conversa Lula-Bush
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.