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TRANSIÇÃO
"Você não obtém crédito se não conquistar a confiança", diz petista
Palocci aceita condição de Bush para liberar créditos
DO ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK
O futuro ministro da Fazenda,
Antonio Palocci Filho, disse ontem que concorda com a condição imposta pelo presidente dos
Estados Unidos, George W. Bush,
para ajudar as empresas brasileiras a retomarem as linhas de crédito internacionais. No entanto,
ele discordou que essas condições
sejam posições pessoais do próprio Bush, creditando-as ao funcionamento dos mercados.
Durante encontro com Bush na
terça-feira, o presidente eleito do
Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva,
pediu um esforço da Casa Branca
para convencer os bancos privados a retomarem linhas comerciais ao Brasil. Bush condicionou
essa ajuda às medidas econômicas que o PT adotará no poder.
Indagado sobre o assunto, Antonio Palocci disse: "Não são condições de Bush. Elas são absolutamente concretas. Ou seja, você
não obtém crédito se não conquistar a confiança do governo e
do país. Portanto, é preciso criar
um clima de confiança para que o
crédito volte".
Segundo Palocci, o governo Lula está comprometido com esse
pensamento e, portanto, não haveria contradição nem divergências entre o governo eleito brasileiro e o governo americano.
O problema da falta de crédito
para o setor privado foi tratado lateralmente por Palocci com os
banqueiros ontem, na sede do
Fed em Nova York.
O futuro ministro não quis fazer
um pedido específico a eles porque ainda não assumiu nem poderia exigir às instituições um
compromisso antes de começar a
agir. Palocci deveria voltar ontem
à noite ao Brasil.
Anteontem, após seu encontro
com o presidente norte-americano, Lula declarou: "Eu disse ao
presidente Bush que, embora seja
um problema do sistema financeiro, acredito que o governo norte-americano pode ajudar no sentido de que as linhas de crédito
não se fechem ao Brasil".
Segundo a embaixadora dos
EUA no Brasil, Donna Hrinak, o
presidente americano demonstrou uma espécie de solidariedade
condicional: "A resposta [de
Bush] foi que a gente quer trabalhar com vocês, mas depende
também do que vocês fazem e do
que o governo [brasileiro] diz e
faz", afirmou.
(MARCIO AITH)
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