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Abel recebia 6,5% por liberação de verbas, diz Vedoin
Empresário afirma que tinha dificuldade em receber verba da Saúde antes de 2002, quando passou a pagar propinas
À PF o líder da máfia dos sanguessugas diz que não pagou propinas na gestão de Serra e nega ligação de Mercadante com esquema
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
Chefe da máfia dos sanguessugas, Luiz Antonio Vedoin, 31,
disse ontem à Polícia Federal
que até conhecer o empresário
Abel Pereira e começar a lhe
pagar propina, em 2002
-quando Barjas Negri (PSDB)
era o titular do Ministério da
Saúde-, tinha dificuldade para
receber verbas do ministério.
A partir de 2003, segundo
Vedoin, o deputado federal
eleito José Airton Cirilo (PT-CE) assumiu o papel de Abel.
Vedoin disse que, durante a
gestão de Barjas Negri, pagava a
Abel 6,5% sobre verbas liberadas pelo ministério.
Em 2003, Cirilo, ligado ao
então ministro Humberto Costa, segundo Vedoin, passou a
receber de 5% a 10%.
Vedoin afirmou que na gestão de José Serra (PSDB) a liberação ocorria sem propina.
Ele disse que o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) não
teve envolvimento. Quando falou à PF, em outubro, Abel afirmou que Vedoin lhe ofereceu
dossiê contra Mercadante.
As declarações de Vedoin
ocorreram no inquérito que investiga a participação de Abel
na máfia dos sanguessugas, paralela à apuração da origem do
dinheiro que seria usado na
compra do dossiê antitucano.
À Justiça Federal, em agosto,
o chefe dos sanguessugas disse
que Abel conseguiu liberar de
R$ 3 milhões a R$ 3,5 milhões
do ministério. Ontem, afirmou
que, a mando de Abel, depositou R$ 130 mil em 2002 na conta das empresas Datamicro Informática e Império Representações Turísticas, de Governador Valadares e Ipatinga (MG).
Dados do Ministério Público
Federal apontam que as duas
empresas movimentaram mais
de R$ 200 milhões de agosto de
2001 a novembro de 2003, em
operações que indicam lavagem de dinheiro. Para a PF, Vedoin disse que, em 14 de setembro, foi procurado por Abel em
Cuiabá, mas negou que ele tenha oferecido dinheiro pelo
dossiê. Naquele dia 14, dois
emissários do PT, Expedito Veloso e Osvaldo Bargas, acompanhavam em Cuiabá a entrevista
de Vedoin à "IstoÉ", na qual ele
fazia acusação contra Abel.
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